Já está disponível em Portugal aquele que é apresentado como o mais recente e avançado sensor para monitorização contínua da glicose.
Destinado a ajudar os diabéticos a controlar a sua doença, o Enlite proporciona, segundo a Medtronic, empresa que o comercializa, «um maior conforto para o doente e uma maior precisão na deteção de hipoglicémias (níveis de glicose baixos)».
Através dos alertas preditivos da bomba de insulina Paradigm VEO com o novo sensor, os doentes com diabetes conseguem detetar até 98 por cento a ocorrência de hipoglicémias, permitindo assim tomar as medidas necessárias para evitar episódios graves de níveis de glicose baixos. «Este novo sistema vai melhorar a capacidade dos doentes para prever e detetar hipoglicémias, um dos aspetos mais preocupantes para quem vive com diabetes tipo 1», refere Bragança Parreira, médico diabetologista e coordenador do GETAD – Grupo de Estudo de Tecnologias Avançadas em Diabetes.
«A monitorização contínua é um elemento fundamental na gestão da diabetes. O estudo STAR 3 demonstrou que os doentes com diabetes conseguem ter um melhor controlo da glicose quando utilizam o sensor integrado com a terapia de bomba infusora de insulina, em comparação com múltiplas injeções diárias de insulina. Além disso, outros estudos recentes sugerem que os doentes que usam uma CGM obtêm um maior controlo da glicose sem aumentar os riscos hipoglicémicos», sublinha este especialista.
Melhorias significativas no design tornam este novo dispositivo, que recebeu a aprovação CE (Conformidade Europeia) em França, mais confortável e fácil de utilizar. Segundo dados de um estudo clínico sobre o Enlite, 85 por cento dos doentes referiram que não sentiram qualquer dor na colocação do sensor e 86 por cento concordaram que o dispositivo é de fácil utilização. O sensor tem uma dimensão significativamente mais reduzida do que o anterior (menos 69 por cento em volume e menos 38 por cento em comprimento) e pode ser utilizado na zona do abdómen e nádegas durante seis dias.
Como funciona a monitorização contínua da glicose
Os doentes com diabetes usam a monitorização contínua da glicose (CGM) pessoal para a monitorização contínua dos níveis de glicose no líquido intersticial (líquido existente entre as células) do tecido subcutâneo.
O doente insere um sensor descartável e, a cada cinco minutos, este transmite para um monitor dados sobre os níveis de glicose. A CGM profissional é um exame de diagnóstico de utilização médica que grava os registos de dados da glicose sem a interação do doente.
Esta avaliação permite ao diabético fazer uma análise retrospetiva da sua doença. A monitorização contínua da glicose fornece uma análise mais completa, pois revela os níveis elevados e baixos de glicose que os testes periódicos através de medições capilares não podem detetar. O estudo STAR 3 mostrou que os doentes que usam a terapia de bomba infusora de insulina integrada com a CGM obtiveram uma redução significativa do A1C quatro vezes maior que doentes com múltiplas injeções diárias de insulina.
Em 2010, a Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos (AACE) divulgou uma declaração de consenso sobre a monitorização contínua da glicose, onde afirma que «a tecnologia de CGM não é apenas inovadora como pode melhorar a vida dos doentes que a integrem num plano abrangente de gestão da diabetes».
A declaração recomenda a CGM sobretudo em crianças, adolescentes e adultos com episódios frequentes de hipoglicémia ou desconhecimento da mesma, níveis de A1C demasiado elevados, grande variabilidade dos níveis glicémicos, e com necessidade de reduzir os níveis de A1C sem aumentar os episódios hipoglicémicos, bem como em grávidas ou mulheres que pensam engravidar.
O que origina a diabetes
A diabetes tipo 1 é uma doença crónica provocada pela falta absoluta de insulina devido à destruição de células do pâncreas que produzem esta hormona. A maior parte dos diabéticos tipo 1 são jovens, mas a doença pode também afetar adultos. De acordo com a Federação Internacional da Diabetes estima-se que existam 285 milhões de pessoas com diabetes a nível mundial, 10 por cento dos quais com diabetes tipo 1.
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