A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença que, em 70 a 80% dos casos é causada pelo fumo de tabaco. A probabilidade da doença aparecer é tanto maior quanto mais anos e mais cigarros se fumarem.

Mesmo as pessoas não fumadoras mas expostas ao fumo de tabaco dos outros têm maior risco de virem a ter a doença. Também a poluição, quer por partículas, quer por fumos, seja no ambiente de trabalho, ou doméstica, podem ser responsáveis por casos de DPOC. Em algumas pessoas existe uma predisposição genética para a doença.

O que é?

A DPOC é uma doença crónica do aparelho respiratório caracterizada por dificuldade da passagem do fluxo aéreo nos brônquios. Esta dificuldade não é totalmente reversível, mesmo com a medicação adequada, e tende a ser progressiva, associando-se a uma resposta inflamatória anormal, à inalação de partículas e de gases agressivos.

O principal agente causador de cerca de 90% das DPOC é o fumo do cigarro. O fumo de cigarro é agressivo não só para os fumadores ativos como para aqueles que inalam o fumo que se liberta do cigarro ou do ar exalado pelos fumadores presentes em áreas confinadas.

A doença começa geralmente por tosse e expectoração crónicas, isto é, que persistem praticamente todos os dias por períodos de tempo cada vez maiores, acabando por se tornar permanentes.

A  dificuldade da passagem do ar, juntamente com a inflamação dos brônquios causa acumulação de secreções brônquicas que tendem a ficar estagnadas, facilitando o aparecimento de infecções respiratórias, ficando a expectoração amarelada ou esverdeada. Assim, a DPOC facilita o aparecimento de infecções que vão agravar as lesões nos brônquios, piorando a evolução da DPOC.

Qual é o tratamento?

O tratamento da DPOC baseia-se no evitar dos agentes agressores, particularmente o fumo de tabaco e no uso de medicamentos broncodilatadores e anti-inflamatórios, administrados por via inalatória. Esta terapêutica, quando necessária, deve ser feita diariamente uma vez que a doença é uma doença crónica.

As infeções respiratórias devem ser prevenidas através da vacinação
contra a gripe e, quando surgem  e são bacterianas  ( febre, expetoração
escura, verde ou amarela) está indicado o recurso a antibióticos.

Ao
longo dos anos, na DPOC tende a haver uma incapacidade de chegada do ar
aos alvéolos, quer por obstrução dos brônquios, quer por destruição dos
alvéolos. Estes são os milhões de pequenos sacos onde o ar vindo do
exterior e rico em oxigénio contacta com o sangue vindo de todo o corpo e
carregado de anidrido carbónico que é necessário sair para o exterior.

Se
estas trocas gasosas não são possíveis, surge uma insuficiência
respiratória e o oxigénio não entra em quantidade suficiente no sangue,
tornado impossível a correta alimentação de todos os tecidos, essencial
ao bom funcionamento de todos os órgãos do corpo.

Nestas
condições, o doente tem grande incapacidade para a realização das
tarefas necessárias, mesmo as mais simples, como lavar-se ou vestir-se. A
única maneira de corrigir esta situação é fazer com que o ar inspirado
seja enriquecido com mais oxigénio, o que se faz mediante a
administração de oxigénio, na quantidade prescrita pelo médico, através
duma sonda nasal ou por máscara.

As fontes de fornecimento deste
oxigénio são várias: botijas (fixas e pesadas), depósitos leves contendo
oxigénio líquido que permite a deambulação do doente ou sistemas
eléctricos que permitem  a concentração do oxigénio presente no ar.

Uma
vez que se trata de situações crónicas, a administração do oxigénio
deve ser permanente ou no maior número de horas do dia possível.

As
empresas de prestação de cuidados respiratórios domiciliários asseguram
o fornecimento atempado do oxigénio, que deve ser encarado como um
verdadeiro medicamento, e prestam a assistência necessária.

A
administração de oxigénio, quando necessária, é absolutamente essencial e
melhora significativamente a qualidade de vida dos doentes e o
prognóstico da doença.

Por Teles de Araújo, Médico Pneumologista
Fundação Portuguesa do Pulmão