A escolha da contraceção deve ser livre após um adequado aconselhamento médico sobre o método mais adequado.
O que é, como atua, quais as vantagens e desvantagens, os métodos a excluir, o que pode limitar a eficácia, são alguns dos critérios a ter em conta na escolha de um método contracetivo.
A realidade portuguesa, de acordo com a avaliação das práticas contracetivas de 2015, num estudo realizado pela Sociedade Portuguesa da Contraceção, revela que cerca de 94% das mulheres sexualmente ativas utilizam métodos contracetivos.
O método contracetivo mais utilizado em Portugal continua a ser a pílula (60-70%), no entanto, 22% das utilizadoras afirmam que têm esquecimentos frequentes, não sendo assim o melhor método para estas mulheres, uma vez que só a toma regular pode garantir a eficácia da pílula.
Muitas vezes, a falha da pílula resulta de esquecimentos que não são valorizados pela mulher (apenas 15% referem ao médico terem falhado a toma).
É assim necessário um papel mais ativo do médico para consciencializar sobre o impacto dos esquecimentos e quando constatar falhas frequentes propor métodos que não necessitem de intervenção diária da utilizadora.
Quando a mulher tem dúvidas sobre a toma correta da pilula, quando o preservativo rompe ou a mulher teve relações sexuais desprotegidas e não pretende engravidar, a contraceção de emergência representa uma opção.
Na verdade, 88% das mulheres sexualmente ativas conhece e 17% afirma já ter utilizado a contraceção de emergência.
A contraceção de emergência atua atrasando a ovulação, e só é eficaz se esta ainda não tiver ocorrido. Assim os espermatozoides que aguardam nas trompas de Falópio não irão conseguir encontrar um ovócito e fertilizá-lo.
A contraceção de emergência é segura e não está associada a nenhum efeito adverso grave. No entanto, é possível que algumas mulheres apresentem queixas tais como, cefaleias, náuseas, vómitos, tonturas, aumento da sensibilidade mamária e dores pélvicas. Os efeitos são raros, ligeiros, transitórios e sem necessidade de terapêutica adicional.
De acordo com a experiência acumulada e segundo a indicação da Organização Mundial da Saúde, a toma de contraceção de emergência não apresenta qualquer impacto na fertilidade.
É um método seguro em todas as situações clinicas, não existindo verdadeiramente nenhum obstáculo nem contraindicação à sua utilização por se tratarem de métodos medicamentosos em dose única ou a introdução de um DIU de cobre que são bem tolerados mesmo em utentes com patologias graves.
São ainda muitas as dúvidas que surgem por parte das mulheres relativamente ao uso dos métodos contracetivos de emergência, nomeadamente o facto de acharem que a contraceção oral de emergência tem demasiadas hormonas e por isso ser prejudicial à saúde.
É necessário clarificar que as hormonas contidas na contraceção de emergência podem alterar a sua menstruação apenas no ciclo em que as tomas e não nos restantes, depois disso, a menstruação regressa ao seu padrão regular.
Outra questão bastante comum colocada pelas mulheres é se podem repetir a contraceção de emergência mais que uma vez no mesmo ciclo. A resposta é afirmativa, no entanto, é realmente muito mais seguro pensar num método contracetivo regular, porque estes são muito mais eficazes na prevenção da gravidez.
Aproveito ainda para reforçar que este método de contraceção não deve ser um método regular, mas sim um “plano B”, a utilizar numa emergência contracetiva. Fale com o seu médico para que juntos definam qual o método contracetivo individualizado mais indicado para a sua situação clinica.
Para garantir a adesão, o máximo de eficácia contracetiva com baixa incidência de efeitos laterais é importante garantir que os casais/parceiros, utilizem métodos contracetivos da sua preferência após informação e esclarecimento adequado.
As explicações são do médico Cláudio Rebelo, especialista em Obstetrícia e Ginecologia
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