Ser acompanhada regularmente por um ginecologista é um cuidado de saúde que nenhuma mulher deveria descurar.
Para além de ajudar a prevenir problemas ginecológicos, esta supervisão médica especializada permite detectar precocemente doenças como o cancro do colo do útero e auxilia a mulher a fazer a melhor opção ao nível da contracepção.
João Luís Silva Carvalho, ginecologista obstetra, partilha consigo, já de seguida, em forma de entrevista, a importância deste tipo de consulta e alguns dos cuidados básicos que a mulher deve ter com a saúde.
Com que frequência se deve consultar o ginecologista?
A mulher deve fazer uma consulta anual de rotina, caso não haja nenhum sintoma alarmante. A primeira consulta deve acontecer a partir do momento em que inicia a sua actividade sexual. Na pós-menopausa, pode haver necessidade da mulher ir ao ginecologista duas, três vezes por ano.
E que exames deverá fazer?
É fundamental que realize o exame clínico feito pelo ginecologista. Depois há outros exames, consoante a fase da vida. Por exemplo, a mamografia e a ecografia mamária devem ser realizadas a partir dos 40 anos, com uma periodicidade anual. Entre os 20 os 60 anos, recomenda-se a realização do Teste Papanicolau, a citologia de rastreio para o carcinoma do colo do útero.
Que riscos corremos se não tivermos este tipo de vigilância médica?
Por exemplo, o cancro do colo do útero evolui de forma silenciosa, só apresenta sintomas em estados avançados, fase em que a doença poderá não ser curável. Mas se for detectado precocemente é curável em cem por cento dos casos. Por outro lado, o complexo eixo endócrino que regula o ciclo vital e a reprodução da mulher pode sofrer «desafinamentos», fruto da vida diária, do stress, do ambiente, do cigarro, da alimentação, que se forem detectados precocemente é muito mais fácil estabilizar.
Há perigo em tomar a pílula sem ser sob supervisão médica?
Há. Existe uma gama de pílulas com perfis hormonais diferentes e compete ao médico escolher o que mais se adapta à mulher e que lhe possa trazer benefícios.
Por outro lado, sendo um medicamento é metabolizado pelo fígado, excretado pelos rins e essa metabolização pode interferir com doenças que estejam subjacentes ou evidentes nessa mulher.
Por exemplo, o facto de uma mulher com tensões altas começar tomar a pílula sem ser sob vigilância médica pode acarretar riscos para o aparelho cardiovascular, assim como se tiver uma doença de fígado, se tem uma perturbação da coagulação do sangue, se está a fazer medicações crónicas a pílula pode interferir.
Que cuidados deve a mulher ter em relação à higiene íntima?
Os desinfectantes promovem desequilíbrios ao nível da flora vaginal. Assim, não se devem usar produtos que tenham ph ácido, mas sabonetes ou loções com ph neutro. Também tudo o que torne mais quente a área genital favorece a proliferação de bactérias, nomeadamente de fungos. Usar sempre calças justas ou pensos diários são factores favorecedores de infecções, nomeadamente de micoses.
Que passos deve uma mulher dar antes de engravidar?
Deve consultar um ginecologista, fazer um exame ginecológico, o Teste Papanicolau, fazer análises de rotina, à rubéola, toxoplasmose, hepatite B, Sida… Depois de constatar que as suas análises estão em ordem, deverá começar, se possível, a tomar ácido fólico. Deve também fazer correcções do peso antes de engravidar, ou seja se estiver magra demais deve aumentar de peso, assim como se estiver com peso a mais deve emagrecer.
Sinais de alarme
Se alguma destas situações ocorrer, não hesite em procurar o ginecologista:
1 Perda de sangue durante as relações sexuais
2 Hemorragias durante a menopausa
3 Alterações da menstruação (período mais abundante e durante maior número de dias ou sangramentos fora do período menstrual)
4 Nódulos ou tumefacções na mama
5 Corrimentos acompanhados por prurido, ardor ou mau cheiro
Texto: Nazaré Tocha com João Luís Silva Carvalho (ginecologista/obstetra)
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