O cancro do pulmão é uma das doenças oncológicas mais prevalentes e mortais. A Organização Mundial da Saúde estima que, em 2018, foram diagnosticados 2.09 milhões de casos, correspondendo a cerca de 1.76 milhões de mortes. A Radioterapia desempenha um papel fulcral no tratamento dos tumores do pulmão. Esta é uma área que tem sofrido uma grande evolução e inovação, transportando-nos para a possibilidade de tratamentos mais cómodos, precisos, reprodutíveis e seguros.

Que opções nos dá a radioterapia quando o cancro do pulmão está em estadio inicial?

Avanços recentes incluem a Radioterapia Estereotáxica Fracionada (SBRT), que é actualmente estabelecida como a opção standard de tratamento com intenção curativa para pacientes com carcinoma do pulmão em estadio inicial e clinicamente inoperáveis ​​ou com alto risco de complicações cirúrgicas. Esta técnica permite tratar, tipicamente entre 1 a 5 sessões, tumores iniciais do pulmão ou locais de doença secundária, com doses muito elevadas, aumentando assim o potencial de resposta e diminuindo as idas ao hospital.

As técnicas de aplicação aprimoradas incentivaram o uso de radioterapia de alta tecnologia também em doentes com poucas metástases (ou seja número limitado de lesões à distância, resultado da disseminação tumoral para outros órgãos), contribuindo assim para o aumento da sobrevivência e da qualidade de vida no doente com cancro do pulmão, mesmo com metastização noutros órgãos.

E quando o cancro do pulmão já está num estádio avançado?

Nas últimas décadas, a inovação da Radioterapia traduziu-se em técnicas mais eficazes e seguras, como a Radioterapia de Intensidade Modulada (IMRT) e ArcoTerapia volumétrica modulada (VMAT). Estas técnicas permitem melhorar a eficácia na aplicação da dose de radiação em torno do volume a tratar, poupando significativamente os órgãos normais adjacentes, num tratamento extremamente rápido. Reduzir o tempo de tratamento significa proporcionar mais conforto e minimizar a possibilidade de quaisquer movimentos durante a sessão de tratamento, melhorando então a precisão.

O facto de conseguirmos identificar e controlar o movimento tumoral durante o tratamento, com recurso a técnicas de planeamento em quatro dimensões (4D), sincronização da radiação com o movimento respiratório e controlo da posição do tumor em tempo real (tracking tumoral), aliado ao desenvolvimento de imagens de verificação antes e durante cada tratamento (Radioterapia de Imagem Guiada ou IGRT), torna possível a monitorização do tumor e dos órgãos de risco em tempo real garantindo um tratamento seguro e eficaz, minimizando os efeitos secundários.

O que mudou no tratamento do cancro de Pulmão?

Durante muitos anos pouco desenvolvimento surgiu no tratamento dos tumores do pulmão. No caso de tumores iniciais inoperáveis ou nos tumores localmente avançados os resultados eram dececionantes. Assistimos nos últimos anos a vários avanços na medicina oncológica em geral, e na radioterapia em particular, tornando o tratamento destes doentes mais seguro, cómodo e eficaz. A combinação de imagens funcionais e morfológicas, a utilização de estratégias adaptativas e desenvolvimento de técnicas mais eficazes, permitiram melhorar os resultados desta doença, ao mesmo tempo que permitem uma maior segurança e menos efeitos secundários. Neste momento possuímos técnicas de tratamento local não invasivo muito eficazes que, isoladamente, ou em combinação com fármacos de acção sistémica, melhoram o paradigma do tratamento destes doentes e que lançarão, sem dúvida, novos desafios no futuro, quer em termos de novas técnicas, quer de novas interdependências disciplinares.

Apesar de todo este avanço, a mortalidade do cancro do pulmão continua elevada, pelo que nunca devemos descurar o diagnóstico precoce. Inevitavelmente, o grande desafio na área da oncologia continua a ser o diagnóstico atempado para aumentar o leque de opções de tratamento e a probabilidade de sucesso do mesmo. Por isso, importa estar atento a sinais de alerta como: fadiga, perda de peso sem causa aparente, tosse persistente, expectoração com sangue, rouquidão e falta de ar, dor constante no peito, ombro ou costas ou inchaço do pescoço e rosto. Não deve adiar a procura de ajuda médica por receio de contágio pela covid-19. Importa saber que as unidades de saúde implementam protocolos para segurança de doentes e profissionais durante consultas, exames e tratamentos. Por isso, em caso de suspeita, não adie consultar o médico.

Um artigo dos médicos Catarina Travancinha e Gonçalo Fernandez, especialistas em Radioncologia no Hospital CUF Descobertas.

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