Lombalgia
Qual a causa?
O facto da população ter sido submetida a um confinamento geral, originou, inicialmente, a uma mudança brusca da atividade física. Mais sedentarismo, e consequentemente atrofia/perda de massa muscular. Muitas das pessoas optaram por realizar treinos com visualizações em plataformas de internet, o que gera uma dualidade. Sem dúvida, que é importante a atividade física regular, e por estarem confinadas poderiam treinar mais vezes ao longo do dia, contudo, a falta de acompanhamento médico de medicina desportiva/profissionais do desporto, limitava a correção postural e percepção de sinais de alerta, não havendo prevenção de lesão.
Sinais de alerta para procurar ajuda médica
Dor lombar, que agrava na flexão do tronco e torção lombar;
Acentua-se em movimentos de sentar/deitar/levantar;
Por vezes, a dor lombar pode agravar, compressão no nervo, irradiando para uma perna, ou ambas.
Como as prevenir
Antes de iniciar qualquer exercício, realizar um bom aquecimento; não fazer movimentos bruscos; saltos excessivos; em caso de dor lombar parar imediatamente o exercício;
Como as tratar
Repouso enquanto tiver dor lombar; evitar exercícios com saltos, ou rotação do tronco; fortalecimento do quadrado lombar, com exercícios de core (fortalecimento da cintura pélvica e escapular).
Exemplos do que pode acontecer se não as tratar:
Radiculopatia (compressão do nervo) permanente, com dificuldade na marcha, originando limitação funcional do membro inferior afetado;
Dor contínua, com necessidade de analgésicos/ anti-inflamatórios e relaxantes musculares;
Hérnia discal lombar, com possibilidade de cirurgia.
Entorse da tibiotársica e joelho
Qual a causa?
A entorse, geralmente, ocorre quando alguém, acidentalmente, mobiliza o tornozelo/joelho de forma anormal, ou seja, há torção. Nesta torção pode originar o estiramento dos ligamentos (distensão dos mesmos de forma anormal, criando problemas na sua função) e em casos mais graves pode levar a rotura parcial ou total dos ligamentos.
A falta de aquecimento antes dos exercícios e o excesso de atividade física, com carga e impacto, podem ser das principais causas da entorse.
Sinais de alerta para procurar ajuda médica
Dor, edema (inchaço no tornozelo/joelho); hematoma (região escurecida e inchada), limitação funcional do tornozelo/joelho, podendo se tornar incapacitante na marcha.
Como as prevenir
Bom aquecimento, bandas elásticas para fortalecimento muscular do pé/joelho, treino propriocetivo e alongamento.
Adaptar a escolha do calçado, de acordo com a sua passada de pronação (pé para dentro) ou supinação (pé para fora) e do tipo de piso onde realiza o exercício.
Como as tratar
É essencial que sempre que inicia um quadro de dor, deve ter repouso, elevação do membro e colocação de gelo como anti-inflamatório. Retomar atividade quando não tiver dor. Caso a dor agrave, ou simplesmente continua, deve contatar o especialista em desporto para realizar avaliação.
Exemplos do que pode acontecer se não as tratar:
Caso não tenha os devidos cuidados, pode deixar de ser apenas um processo inflamatório, e existir agravamento, originando lesões ligamentares e/ou osteoarticulares, em que nos piores casos, poderá ser necessário cirurgia ortopédica.
Tendinopatias
Qual a causa?
A tendinopatia é causada por sobrecarga/esforço físico repetitivo, que é mais provável ocorre quando o modo, a intensidade ou a duração da atividade física mudam ou intensificam de forma diferente da habitual. Inicialmente há inflamação dos tendões (do seu revestimento externo), e posteriormente pode originar a sua degeneração, tornando-o mais espesso, e mais fraco, diminuindo força, o que pode levar a rotura parcial ou total.
Sinais de alerta para procurar ajuda médica
Dor e edema a mobilizar o pé, tornozelo e joelho, principalmente ao longo do tendão. Pode também ter sensação de formigueiro, dor tipo pontada, devido à inflamação no nervo desse local.
Como as prevenir
É importante tratar as causas extrínsecas (uso excessivo do tendão, erros de postura corporal durante os treinos, tabagismo, uso excessivo de medicação, uso de calçado não adequado ao piso e ao tipo de passada) e intrínsecas (flexibilidade, idade, alterações anatómicas e vasculares) da lesão dos tendões. As pessoas com o pé plano , e as alterações do piso onde realizam o exercício físico, podem originar encurtamentos musculares ou desequilíbrios musculares. Para prevenir a lesão é essencial, a escolha do calçado com um técnico especializado em exercício, de forma a avaliar-se a passada e se existe alguma anomalia anatómica, sendo necessário equipamento compensatório (palmilhas). É essencial também, iniciar treinos acompanhados, progressivos e adequados à sua performance física e aos seus objetivos.
Como as tratar
O tratamento deve ser iniciado com medidas conservadoras, incluindo repouso, gelo, compressão e elevação. Diminuir a atividade física e a intensidade da mesma. Iniciar exercícios de reabilitação, com programas de alongamentos e fortalecimento muscular, com acompanhamento de especialistas na área de saúde no desporto.
Exemplos do que pode acontecer se não as tratar:
Tendinopatia grave que pode ter a possibilidade de cirurgia após falência de tratamento de fisioterapia.
É fulcral no estilo de vida atual, e com o número de pessoas a praticarem exercício físico, indoor e outdoor (que aumentou no confinamento), sensibilizar a população para a importância de realização de consulta de medicina desportiva, antes e durante o exercício físico, de forma a ser efetuada uma avaliação médico-desportiva, prevenindo futuras lesões e alertando para sintomas/sinais que têm de estar sensibilizados e despertos. A equipa multidisciplinar de Medicina Desportiva, tem protocolos e circuitos, promovendo a segurança dos profissionais de saúde e dos utentes, assim não adie a sua Saúde e Exercício Físico.
Um artigo do médico Miguel Medalhas Cardoso, especialista em Medicina Desportiva no Hospital CUF Cascais, Hospital CUF Santarém e Clínica CUF Almada.
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