Sabia que milhões de pessoas em todo o mundo têm, em algum momento da sua vida, arritmias cardíacas? As arritmias podem ser: extrassistolias, ventriculares, supraventriculares e bradiarritmias.
A gravidade e sintomas associados às arritmias cardíacas são muito variáveis, dependendo do tipo de arritmia, podendo variar desde situações benignas até à morte súbita. Apesar de muitas arritmias poderem ser silenciosas, alguns sintomas podem ser muito limitativos, como palpitações, cansaço fácil ou perda de consciência.
A arritmia cardíaca mantida mais frequente é a fibrilhação auricular, com uma prevalência superior a 6% a partir dos 60 anos de idade. Esta arritmia supraventricular aumenta em 5 vezes o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC), sendo a causa de 20 a 30% de todos os AVC isquémicos. A fibrilhação auricular também aumenta o risco de desenvolvimento de insuficiência cardíaca, o risco de declínio cognitivo e demência e aumenta o risco de mortalidade.
Conhece a importância da avaliação do seu ritmo cardíaco?
Detetar as arritmias atempadamente é fundamental para adotar um tratamento adequado e evitar complicações graves, como o AVC ou a morte súbita. Os métodos de diagnóstico tradicionais, como a avaliação médica (auscultação cardíaca ou avaliação do pulso), o eletrocardiograma ou Holter, são eficazes na identificação de arritmias em que o doente apresenta sintomas de forma permanente ou muito frequentes. Contudo, visto que as arritmias são, frequentemente, assintomáticas, o diagnóstico pode revelar-se um verdadeiro desafio, particularmente quando a arritmia não está sempre presente, sendo imprevisível o momento em que os episódios ocorrem.
Atualmente a tecnologia permite diagnosticar, de forma cada vez mais eficaz, as arritmias cardíacas. Não param de surgir no mercado aplicações para smartphones e para smartwatches que permitem rastrear o ritmo cardíaco e que apresentam boa sensibilidade e especificidade para diagnóstico de fibrilhação auricular comparativamente com o clássico ECG. Também é possível avaliar de forma contínua e prolongada o ritmo cardíaco através da utilização de registadores de eventos implantáveis.
Os registadores de eventos implantáveis
Os registadores de eventos implantáveis são dispositivos médicos de dimensões muito reduzidas que são “injetados” a nível subcutâneo no tórax (a 1 cm abaixo da pele) através de um procedimento minimamente invasivo. Estes dispositivos, além de permitirem o registo e gravação contínua do ritmo cardíaco do doente, durante alguns anos, têm também a vantagem de monitorizar remotamente o doente (via wireless), com envio de informação e notificações à distância ao médico, perante a ocorrência de eventos arrítmicos e/ou sintomas do doente.
Os registadores de eventos implantáveis aumentam significativamente a probabilidade de diagnóstico de arritmias (mesmo as assintomáticas) comparativamente com os meios diagnósticos convencionais.
Doentes com síncopes (desmaios) recorrentes inexplicadas, ou doentes com AVC de causa indeterminada, por exemplo, podem beneficiar de um registador de eventos implantável para diagnóstico de eventuais arritmias subjacentes.
As arritmias cardíacas são um importante problema de saúde pública com grande impacto em termos de morbilidade e mortalidade. O seu diagnóstico atempado e terapêutica adequada são fundamentais para evitar complicações graves como o AVC ou a morte súbita. A evolução tecnológica apresenta-nos hoje importantes opções para um diagnóstico eficaz das arritmias cardíacas, incluindo a monitorização contínua e prolongada com o registador de eventos implantável.
As explicações são da médica Natália António, especialista em Electrofisiologia.
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