A Diabetes mellitus tipo 1 caracteriza-se pela incapacidade do pâncreas em produzir insulina. Como a insulina é essencial para a utilização da glicose (molécula que fornece energia necessária ao funcionamento do organismo), a sua administração de forma subcutânea, várias vezes ao longo do dia, torna-se igualmente essencial para a sobrevivência.

Na Diabetes mellitus tipo 2, o organismo produz insulina, mas ao longo do tempo, devido à insulinorresistência, a insulinoterapia torna-se também uma realidade na vida destas pessoas.

Atualmente, o objetivo principal, ao tratar as pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo2, não se trata apenas de sobreviver, mas sim de conseguir um equilíbrio metabólico, semelhante ao da pessoa sem diabetes, proporcionando uma vida longa e sem complicações.

O tratamento da Diabetes tipo 1, exige desde o início uma administração de insulina basal (insulina lenta com duração de cerca de 24 h), o que permite assegurar as necessidades essenciais, como por exemplo respirar. Adicionalmente, ao pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar, é também necessário administrar pequenas quantidades de insulina, denominada prandial ou dada às refeições. Também em muitas situações de diabetes tipo 2, o controlo metabólico adequado passa pela administração de insulina às refeições.

Com as múltiplas administrações de insulina às refeições, pretende-se simular a produção de insulina que ocorre sempre que uma pessoa ingere alimentos. O sucesso de um bom controlo da diabetes passa pela alimentação equilibrada e pela aprendizagem da porção de insulina a administrar de acordo com os alimentos ingeridos, conseguindo o balanço ideal entre os alimentos, necessidades de insulina e o controlo da glicemia disso resultante.

Desde há quase cem anos que é possível produzir insulina para ser administrada de forma subcutânea, e ao longos destes anos a investigação farmacológica tem permitido melhorar a atuação da insulina. Até ao momento temos tido em Portugal análogos rápidos de insulina, que devem administrados alguns  minutos antes do início da refeição, com intuito de simular o pico de produção da insulina humana. Mas, mesmo assim, nem sempre têm permitindo o melhor controlo metabólico, pela real dificuldade em manter o bom controlo da glicemia com as refeições.

A novidade

Recentemente, em julho, foi lançado no mercado português, uma nova geração de análogos de insulina, de ação ultra-rápida. Designa-se FIASP, Fast Insulina Aspartic, por se tratar uma inovação do já existente análogo rápido de insulina aspártico.

A otimização desta insulina prandial é possível devido à melhoria da molécula da insulina que resulta numa absorção duas vezes mais rápida para a corrente sanguínea. Isto condiciona uma ação da insulina 74% superior nos primeiros 30 minutos, quando comparada com a insulina aspártico convencional. Estas características permitem às pessoas com diabetes obter uma maior redução da glicose no sangue após a refeição e a consequente diminuição dos picos de glicemia, aproximando-se cada vez mais do processo fisiológico da secreção de insulina aquando da ingestão de alimentos.

Portanto, estamos perante uma insulina inovadora, com maior flexibilidade de administração, pois é igualmente eficaz quando administrada imediatamente antes ou até 20 minutos depois do início da refeição. Isto permite melhor cálculo das doses de insulina a administrar de acordo com a refeição ingerida, o que se traduz numa maior qualidade de vida para as pessoas com diabetes.

Outra aplicabilidade desta insulina, é a sua utilização em pessoas com sistemas de perfusão contínua de insulina (bombas de insulina).

Um artigo da médica Susana Heitor, especialista em Medicina Interna e Coordenadora da Unidade Integrada de Diabetes (UID) do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca.