O meu filho faz uma alimentação vegan. Isto significa que não come carne, peixe, ovos ou leite e derivados. E tem sido assim, desde há dois anos para cá.
Neste momento, poderão estar a perguntar-se qual o motivo. Alergias? Felizmente não.
Há cinco anos que não como animais. O que começara com uma motivação ética, rapidamente se tornou num estilo de vida saudável que melhorou significativamente a minha vida. Quando descobri que estava grávida, as perguntas começaram a surgir: O teu filho vai fazer uma alimentação vegan? Não deveria ser ele a escolher? Tens a certeza de que é saudável? E durante a gravidez, não terás de comer “alguma proteína animal”?
Todos nós queremos o melhor para os nossos filhos, e eu não sou exceção. Como tal, informei-me. Nos últimos anos, tem sido cada vez mais divulgado em vários canais (como no manual da Direção Geral de Saúde dedicado à alimentação vegetariana para bebés e crianças e que podem descarregar gratuitamente na internet) os benefícios de uma alimentação 100% vegetariana (vegan) equilibrada em todas as fases da nossa vida. Em suma, uma alimentação vegan equilibrada e bem planeada é adequada a todas as fases da nossa vida, gravidez e lactação incluída.
Todos nós fomos educados segundo as crenças dos nossos pais ou cuidadores.
Quando os nossos filhos são pequenos e dependem inteiramente de nós, temos o dever de cuidar deles da forma que nos faça mais sentido. Não dou açúcar ao meu filho, assim como não lhe vou dar carne. Não se trata de teimosia nem tão pouco de forçar uma crença. Trata-se de querer dar o melhor ao meu filho e educá-lo de acordo com os nossos valores. Não será isso que todo e qualquer pai/mãe/cuidador faz com os seus pequenos, até que eles ganhem maturidade suficiente para fazer as suas próprias escolhas?
Por saber que esta é ainda uma questão sensível e que suscita muitas dúvidas, procurei listar neste artigo o que come essencialmente o meu bebé. Este é o meu testemunho como mãe de um bebé saudável que não come animais. No entanto, procurem sempre informar-se com um profissional de saúde com conhecimento nesta área, para encontrarem a estratégia mais adequada para o vosso caso.
A mensagem que quero passar com este artigo é que, desde que a alimentação seja bem planeada, não existe qualquer perigo para a formação e crescimento do nosso bebé, muito pelo contrário! Os benefícios de uma alimentação vegan são também extensíveis aos nossos rebentos.
Leite materno
Este foi o único alimento do meu filho até ter iniciado a alimentação complementar, por volta dos seis meses. Mesmo depois de introduzir novos alimentos, o leite continuou a ser o alimento principal, enquanto descobria, calmamente e sem pressões, outros alimentos que se aproximavam mais da sua alimentação futura. Na minha opinião (livre de julgamentos), considero que o leite materno é o melhor alimento (tanto no aspeto físico como emocional) que posso dar ao meu filho. Com quase dois anos, continuo a amamenta-lo, apesar de ele já fazer uma “alimentação normal”. Enquanto continuar a fazer sentido para ambos, assim continuaremos.
Baby Led Weaning (BLW)
A partir dos seis meses, comecei a introduzir outros alimentos, num registo de BLW. De forma resumida, esta é uma forma de introduzir os alimentos sólidos sem a interferência do adulto, deixando o bebé livre para se alimentar. Comecei por oferecer vegetais cozidos (brócolos, cenoura, batata-doce) e frutas macias e maduras (banana, manga, pera) cortados em palitos ou de forma que ele conseguisse segurar e levar à boca.
Esta é uma forma de facilitar a descoberta dos alimentos, sendo que estes são apresentados ao bebé na sua forma real, para que ele os consiga identificar com mais rapidez. Se tudo o que oferecermos ao nosso bebé for transformado em sopa, papa ou puré, será mais difícil que ele faça a associação dos alimentos que tem no prato. O BLW permite desenvolver com mais rapidez a autonomia do bebé na hora da refeição.
Sopas variadas
Tendo em consideração o nosso estilo de vida, optei por combinar o BLW com as sopas (e papas), dando sempre liberdade para que ele decidisse quando e que quantidade queria comer. Para além de ele adorar sopas, esta é uma boa forma de garantir o aporte de nutrientes necessários para um bom desenvolvimento numa fase tão importante de crescimento.
Depois de feito o despiste de alergias (com a introdução de um alimento novo de cada vez, dando tempo – cerca de três dias – para perceber a reação) comecei a reforçar esta refeição diária. Para além dos vegetais (variados, preferencialmente de época e biológicos), incluo quase sempre uma leguminosa e/ou cereal integral, principalmente nos dias em que estamos fora de casa e não temos refeições preparadas. Para finalizar, costumo adicionar uma oleaginosa (frutos secos moídos ou sementes hidratadas por exemplo) ou um fio de azeite extra virgem.
Exemplos de leguminosas que adiciono às sopas: feijões, ervilhas, grão, favas, lentilhas
Exemplos de cereais que adiciono às sopas: millet, trigo sarraceno, bulgur, quinoa
Papas caseiras
A poucos meses de completar o seu segundo ano de vida, as papas começam a ser cada vez menos frequentes cá por casa. No entanto, e durante algum tempo, foram uma das suas refeições preferidas para o lanche ou pequeno-almoço. Ao contrário do que achava inicialmente, é muito fácil preparar papas caseiras adequadas nutricionalmente, saborosas e variadas.
Infelizmente, a grande maioria das papas de compra contém açúcar (bem como farinhas refinadas e outros aditivos desnecessários), ingredientes estes completamente dispensáveis na alimentação de qualquer criança. Optei por ser eu a fazer as papas do meu filho e descobri que em cinco minutos (!!!) conseguia preparar uma papa caseira deliciosa.
Já começam a aparecer algumas marcas de papa saudáveis, sem açúcar e biológicas, que são uma boa opção para aqueles dias mais complicados ou quando não temos ingredientes suficientes em casa. Ainda assim, diria que 80% das papas que o meu filho comeu até hoje foram feitas por mim, o que me deixa muito orgulhosa.
O esquema das minhas papas caseiras é muito simples: cereal ou leguminosa (em flocos) + fruta + água + extras. Nestes extras incluo, por exemplo: coco ralado, farinha de alfarroba, canela, manteiga de oleaginosas, sementes, levedura nutricional. Veja aqui como fazer uma papa deliciosa e nutritiva para o seu bebé em cinco minutos.
Prato igual para todos!
Assim que ele começou a demonstrar interesse pelos talheres, comecei a oferecer-lhe refeições mais “elaboradas”. Neste momento come praticamente tudo o que comemos, com a condição de que seja o mais saudável possível. Tenho, por exemplo, atenção ao uso do sal (sempre integral e em pouca quantidade) e evito produtos processados ou mais difíceis de digerir na confeção das refeições, como as natas vegetais e os condimentos picantes, por exemplo.
Pequenos-almoços e lanches
Bolas energéticas, barrinhas caseiras, pasta de tofu e ervas aromáticas, hummus de grão e abacate, iogurtes vegetais. Estes são exemplos dos lanches e pequenos-almoços que fazemos cá por casa. Como estas bolinhas de aveia para toda a família A fruta ocupa sempre um lugar de destaque no nosso dia-a-dia, e tento incluir com frequência os frutos vermelhos (muito ricos em antioxidantes) e os abacates (muito ricos em proteína e gorduras monoinsaturadas).
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