O açúcar refinado é de tal modo nocivo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) quer limitar o consumo a 25 gramas por dia. Daniel Engber, jornalista no jornal The New York Times afirma no artigo «The quest for a natural sugar substitute» que nunca tivemos tanto medo do açúcar. A questão não é nova e já preocupa a indústria alimentar há alguns anos. Cada vez mais preferimos alimentos naturais e evitamos comida e bebidas compostas por adoçantes sintéticos altamente calóricos. O ingrediente que coloca conscientemente no café e que ingere de forma inconsciente todos os dias só representa calorias vazias.

O açúcar refinado não tem valor nutricional, é de absorção rápida e ainda causa problemas metabólicos. Por isso, quando é ingerido em grandes quantidades, não só contribui para o aumento de peso, como ainda está associado ao desenvolvimento de diabetes e de obesidade (100 gramas de açúcar branco equivalem a 394 calorias). Assim, o açúcar branco deve ser consumido com muita moderação ou substituído por ingredientes semelhantes. Com alternativas naturais mais nutritivas, como as que sugerimos, não é preciso sacrificar o sabor das receitas:

- Açúcar mascavado

Além de ser menos calórico e quimicamente manipulado do que o açúcar branco não desmineraliza o organismo. Dependendo da variedade da cana e da estação em que é colhida, o açúcar pode resultar dourado ou castanho.

Contém proteínas, gordura, cálcio, fósforo, ferro, sódio, potássio, magnésio, cobre, zinco, vitaminas B1, B2, e C. Cada 100 gramas deste açúcar tem cerca de 390 calorias e pode ser usado em doces de todo o tipo, incluindo bolos, tortas e biscoitos. Encontra-se disponível na maioria dos supermercados em Portugal.

- Malte de arroz

Trata-se de um adoçante equilibrado que resulta da cozedura do arroz juntamente com enzimas (rebentos de cevada). É simultaneamente digestivo e analgésico, podendo ser usado para acalmar cólicas abdominais e intestinais. É rico em maltose e hidratos de carbono complexos, que vão sendo gradualmente absorvidos pela corrente sanguínea.

Cada 100 gramas de malte de arroz contem cerca de 262 calorias e pode usá-lo no fabrico de doces (bolos, tortas e pudins) ou no pão. No entanto, deve ser usado com moderação. Encontra-o em estabelecimentos como o Quental Biológico em Coimbra mas também o pode adquirir através de sites como o Carethy.pt, que faz entregas ao domicílio.

- Stevia

Embora tenha um poder adoçante muito superior ao açúcar (cerca de 300 vezes mais), a stevia tem zero calorias. É extraída das folhas de uma planta originária da América do Sul e vendida líquida ou em pó. Ideal para os gulosos preocupados com a saúde, esta planta irá dominar o mercado dos adoçantes naturais já em 2017, segundo avança um estudo da empresa Mintel.

A stevia rica em sais minerais como magnésio, potássio, selénio, zinco e vitamina B3. Só pode ser usada em sobremesas que não precisem de ir ao forno a mais de 120º C. Pode encontrá-la em estabelecimentos como o BioSamara Iberia em Sintra ou a Stévia Lusa na Guarda. Na sua versão comercial, está disponível em muitos supermercados e hipermercados.

Veja na página seguinte: Outras formas naturais de reduzir o consumo de açúcar refinado

- Mel

Usado há milhares de anos para tratar variados problemas de saúde, o mel é sobretudo conhecido por melhorar o funcionamento do aparelho digestivo. Dado que é duas vezes mais doce do que o açúcar refinado, pode ser usado em menor quantidade. Quanto mais escuro for, mais elevado é o nível de antioxidantes.

É, geralmente, composto de frutose, glucose e água. Cada 100 gramas de mel contêm cerca de 288 calorias. Este alimento pode ser consumido cru ou em sobremesas. Encontra-se em qualquer mercearia, supermercado e/ou hipermercado em Portugal.

- Xarope de ácer

Durante a primavera, a árvore de ácer produz uma seiva que é fervida até ficar espessa. Quanto mais escura for a seiva, mais forte será o sabor do xarope de ácer (em inglês, maple syrup). Comum no nordeste dos Estados Unidos da América e do Canadá, contém minerais e nutrientes, como o magnésio, um poderoso antioxidante, e o zinco, que ajuda a prevenir o mau colesterol.

Cada 100 gramas de xarope contêm 261 calorias. Está indicado na confecção de bolos ou como cobertura para crepes, panquecas, etc. Está à venda em estabelecimentos de produtos alimentares como as lojas Celeiro e os supermercados El Corte Inglés.

- Néctar de agave

Mais doce e calórico do que o açúcar, este adoçante natural pode ser usado em menores quantidades. Trata-se de um líquido com alguma espessura, de fácil dissolução e sabor neutro. É extraído de um cato comummente encontrado no México. É rico em sais minerais e frutose. Cada 100 gramas contém 375 calorias.

Quando usado em bolos deve colocar-se apenas metade da quantidade de açúcar indicada na receita e reduzir-se 25º C na temperatura do forno sugerida pois o agave acastanha rapidamente. Está disponível nos supermercados Hipercor do El Corte Inglés.

Um doce veneno

Tal como muitas pessoas da sua geração, David Gillespie queria saber porque é que tinha excesso de peso. Este ex-advogado australiano, pai de seis crianças, começou a informar-se sobre as novas dietas. O que descobriu é de tal modo impressionante que o seu primeiro livro, «Sweet Poison», publicado em 2008, é responsável pela atual tendência antiaçúcar na Austrália. O bestseller expõe um dos maiores problemas de saúde do século XXI e ainda oferece truques para perder peso através de receitas com ingredientes alternativos à frutose. Está disponível em livrarias como a Bertrand e à venda em sites como a Amazon.com.

Texto: Filipa Basílio da Silva