Há certos alimentos e rituais que são parte integrante do estar-se em dieta, e que eu gostaria de desmistificar.
A saber:
1. Bolacha Maria e de Água e Sal
2. Queijo fresco
3. Cozidos e Grelhados
4. Evitar pão/massa/arroz/batata
5. e... Não misturá-los com o peixe ou carne
6. Evitar fruta tropical (banana, manga...)
7. Evitar feijões
8. Tudo light, tudo magro, tudo sem sacarose (açúcar) e apenas com edulcorante, tudo integral, tudo bio, não beber água às refeições, entre outros...
Contudo, isto não emagrece (nem o oposto engorda) necessariamente.
Porquê?
1.
Porque bolachas, secas que sejam, têm muitas mais calorias e gordura que (o supostamente pa-) pão. E saciam menos.
2. Porque queijo fresco não é para ser comido como quem bebe um copo de água: é uma fonte de gordura considerável, como todo o queijo. Repare: 100 gramas de queijo fresco "Pouco Gordo" têm 145 calorias e 9 g de gordura, ao passo que 100 gramas de feijão frade cozido têm 115 calorias e nem 1 g de gordura... (o tal feijão de que foge a sete pés!)
3. Porque cozidos e grelhados não são equivalentes a poucas calorias nem condição para comer mais; são cansativos e limitativos a uma mais interessante panóplia de sabores e texturas. Estufados, salteados, malandrinhos, cataplanas, caldeiradas, em papillote, assados (sem molhos gordurosos no seu prato) e refogados (forretas) são óptimas escolhas também!
4. Porque evitar pão, massas, arroz, batata, etc. nunca foi sinónimo de alimentação saudável, em lugar nenhum do mundo! Logo, é desaconselhado também para quem queira emagrecer. Precisamos destes alimentos diariamente: dão-nos energia!
E que eu repare, a maior parte das pessoas tem pouca - não só porque se alimentam mal mas também porque não fazem exercício físico, não dormem bem, e mantêm relacionamentos e situações de vida sugadoras de energia.
Coma lá o seu pãozinho saloio e umas quantas batatinhas a murro com casca!
(Continua)
5. Porque evitar os hidratos de carbono quando come carne ou peixe não significa necessariamente que vai comer menos calorias no todo; pode até comer calorias a mais (por exemplo no tempero da salada, ou no tamanho do bife, ou mais tarde quando o seu corpo sentir necessidade de "açúcar"!)
6. Porque fruta, tropical ou nacional, deve ser comida todos os dias, variada, e sem medos! Engorda-se a comer bolos, croquetes, empadas e "bolachinhas secas" (ver ponto 1), não é a meia papaia do pequeno almoço, nem o cacho de uvas do lanche ou a banana do meio da manhã...
7. Porque estou para conhecer quem tenha engordado a comer feijões ou grão ou lentilhas... Estes óptimos alimentos são tão saciantes que dificilmente comerá demais para conseguir engordar. Têm pouquíssima ou nenhuma gordura, são boas fontes de proteína e fibra, com zero colesterol (por serem um alimento vegetal), e super versáteis no bom sentido. São bons para sopas, migas, saladas quentes ou frias, purés, dips/patés, acompanhamento ou prato principal. (Não são habitualmente alimentos que fritemos, panemos, en-quichemos, ensalsichemos, fonduemos, gratinemos ou outro modo de confeccionar altamente gorduroso...)
8.
Porque comer consoante todos esses atributos nunca foi sinónimo de boa saúde física mas quase sempre é sinónimo de pouca saúde mental. Há limites para os cuidados com a nossa saúde e quem os ultrapassa torna-se obcecado. Esses alimentos podem fazer parte duma alimentação saudável e podem ajudar no processo de emagrecimento se a alimentação for bem proporcionada, variada, de boa qualidade, bem confeccionada, comida com prazer, com alguma paz e, claro, contribuir (juntamente com o exercício) para um défice calórico.
Estar em dieta é um suplício. Vem dum medo terrível de se engordar amanhã e/ou de não se ser amado com o corpo de hoje. É também uma clara fonte de raiva e culpa. Medo, raiva e culpa fazem o cocktail ideal para a ansiedade - o estado de espírito habitual dos praticantes desta modalidade.
Lido isto, que tal NÃO fazer mais "dieta"? Assim, como quem diz: "NUNCA mais faço dietas: decidi, em vez, CUIDAR de mim!"
CUIDAR arrasta consigo uma postura sã:
Sem medo, mas com amor próprio. Sem raiva, mas com paz. Sem sentimentos de culpa, mas com aceitação.
CUIDAR aumenta, assim, o que lhe falta - serenidade -, e reduz o que não precisa - ansiedade.
Este equilibrar interior tem um resultado prático: (entre outros) comer menos e melhor :-)
Que esta seja a sua GRANDE DECISÃO para o ANO NOVO: "CUIDAR BEM DE MIM MESMA/O"!
Depois conte-me como resultou!
Feliz Ano Novo!
Texto da autoria da Nutricionista Dra. Madalena Muñoz
www.madalenamunoz.com | Consultório de Nutrição
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