Ao longo dos últimos anos a realização de uma dieta low carb tem demonstrado ser benéfica para algumas pessoas, quer a nível do controlo da Diabetes, quer a nível do controlo de peso. A dieta low carb tem como base a ingestão de uma menor quantidade de hidratos de carbono, com um aumento do consumo da quantidade de gordura e proteína. Neste sentido, este tipo de alimentação tem ganho alguma importância na alimentação de pessoas com Diabetes.

Além da redução dos níveis de açúcar no sangue e do controlo do peso, a dieta low carb contempla a ingestão de alimentos que reduzem a sensação de fome. Promove, ainda, o controlo da pressão sanguínea, a diminuição dos triglicéridos e uma melhoria significativa nos valores de colesterol.

As recomendações nutricionais mais recentes apontam que a quantidade de hidratos de carbono ingerida pelas pessoas com Diabetes tipo 1 e tipo 2 deve ser moderada, evitando-se, assim, o consumo de hidratos de carbono refinados e de hidratos de carbono adicionados.

Por esta razão, a dieta low carb apresenta-se como uma alternativa. Importante salientar que nesta dieta os hidratos de carbono não devem ser completamente excluídos da alimentação de uma pessoa com Diabetes. A alimentação deve ter o máximo de fibra possível, sendo as opções integrais as mais recomendadas, assim como a fruta, os legumes e as leguminosas.

Na época Natalícia, é possível seguir a dieta low carb sem prescindir das iguarias do Natal. Para isso há que adaptar as receitas tradicionais. Nas entradas, as opções fritas, como os pastéis de bacalhau e os rissóis, deverão ser evitadas e deve optar por algumas saladas frias, como o caso da de polvo com coentros ou húmus de beterraba com palitos de vegetais, queijo fresco ou requeijão.

Relativamente à sopa, no caso do Caldo Verde, por exemplo, deve-se optar por omitir a batata do puré e substituir por curgete, couve-flor, cabeça de nabo. No caso do prato principal, como o bacalhau, deverá ser servido apenas com as couves, com cenoura e nabo. Poderá, eventualmente, acrescentar alguma leguminosa, como grão-de-bico. No caso de se optar por peru assado, poderá servir como acompanhamento grelos cozidos e puré de ervilhas.

No caso de não querer adicionar leguminosas à refeição poderá usar, por exemplo, brócolos e couve-flor para fazer purés ou arroz com reduzida quantidade de hidratos de carbono. O consumo de salada e legumes cozinhados temperados com ervas aromáticas e azeite são essenciais para obter saciedade. Deste modo, as refeições mantêm-se muito saborosas, com a vantagem de terem uma menor da quantidade de glícidos. O pão não deverá existir durante a refeição principal.

Quanto às sobremesas, serão o mais difícil de controlar, pelo que deverá optar por opções mais saudáveis. No caso da mousse, poderá optar por mousse de cacau e pera abacate. Ao fazer salame de chocolate, deverá optar por salame de chocolate com frutos oleaginosos. Poderá fazer ainda brownie de cacau com manteiga de amendoim, uma opção saudável, saborosíssima e com efeito de maior saciedade. Relativamente às fatias douradas, uma das sobremesas tradicionais, deverá optar por um pão com maior quantidade de fibra e menor quantidade de hidratos de carbono e, em vez de fritar, opte pelo forno.

Um aspeto essencial na preparação das refeições é o tamanho das porções, que deverá ser diminuído. Por exemplo, no caso das fatias douradas, em vez de se fazer apenas uma fatia, a opção passa por dividir em 3 ou 4 pedaços, de modo a ter porções mais pequenas. E melhor do que comer uma sobremesa será sempre a ingestão de fruta fresca, fruta desidratada, ou até de frutos oleaginosos. O aporte de fibras, água, hidratos de carbono, vitaminas e sais minerais irá promover o bem-estar.

Importa referir, ainda, que aliada a uma alimentação saudável, a monitorização da Diabetes é fundamental para o seu controlo. Já existem aplicações de monitorização que se podem ter no smartphone, como a mySugr, por exemplo, que permitem conhecer a variação da glicemia a cada momento e ajudam na minimização das causas que lhe são inerentes. Esta aplicação ainda permite ao utilizador fazer a descarga automática dos dados de glicemia e exportar essa informação num relatório para poder partilhar com o profissional de saúde. Enquanto que anteriormente só conseguíamos visualizar a variação da glicemia, sem informação exata sobre o que era ingerido, agora, com as apps de monitorização, conseguimos saber exatamente o que a pessoa consome e associar esses dados aos perfis glicémicos, fazendo um reajuste à alimentação de acordo com os mesmos.

Deste modo, com uma dieta equilibrada e uma monitorização eficaz, é possível manter a Diabetes sob controlo e, em simultâneo, viver o Natal em pleno.

Um artigo da nutricionista Vera Ruivo Dias, da Associação Diab(r)etes e autora do blogue Deveras Nutritivo.