O estilo de vida moderno faz com que a maioria das pessoas faça algumas das suas refeições diárias, especialmente o pequeno-almoço e almoço, fora de casa. Mas, em muitos lares, os diferentes horários de trabalho, trânsito ou outros afazeres fazem com que, mesmo à hora de jantar, seja difícil reunir a família à volta da mesa. Mas este hábito tradicional é de promover, diz um estudo americano, pois, além de beneficiar o convívio familiar, ajuda também a prevenir que jovens desenvolvam distúrbios alimentares e recorram a medidas extremas para controlar o peso.

A pesquisa, realizada na Universidade de Minnesota, e publicada na edição de Janeiro da revista especializada “Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine”, refere que os distúrbios alimentares – que incluem comer desordenadamente e provocar o vómito para perder peso – se tornam cada vez mais comuns na passagem da adolescência para a vida adulta, mas que as refeições familiares podem ajudar a evitá-los.

«Os distúrbios alimentares estão associados a uma série de consequências comportamentais, físicas e psicológicas danosas, que incluem uma dieta de qualidade inferior, aumento de peso, obesidade, sintomas de depressão e os próprios distúrbios», dizem os autores do artigo. «Por isso, é importante identificar estratégias para evitar esses distúrbios».

Dianne Neumark-Sztainer, médica e nutricionista, estudou 2.516 adolescentes em 31 escolas do Estado de Minnesota. As participantes completaram dois questionários - um na escola e outro, cinco anos mais tarde, pelo correio – onde responderam a perguntas, tais como a frequência com que faziam refeições com a família, o seu índice de massa corporal, relação com a família e distúrbios alimentares.

Entre as adolescentes, aquelas que compartilhavam pelo menos cinco refeições por semana com o resto da família tinham uma tendência significativamente menor a reportar o uso de medidas extremas para controlar o seu peso cinco anos mais tarde, quando foram questionadas por carta. E verificou-se que tal é independente das características sócio-demográficas, índice de massa corporal ou relação com a família. Entre os rapazes, no entanto, as refeições familiares não tinham influência sobre os distúrbios alimentares cinco anos depois. Os autores do estudo não conseguiram identificar o porquê da diferença.

«As refeições familiares podem disponibilizar mais benefícios às raparigas, porque elas podem ser mais sensíveis e provavelmente mais influenciáveis pelos relacionamentos familiares e interpessoais do que os adolescentes do sexo masculino», dizem os autores. Eles também acreditam que elas, provavelmente, estariam mais envolvidas na preparação dos alimentos, aprendendo a preparar uma refeição equilibrada. Os distúrbios alimentares, no entanto, são muito mais comuns entre mulheres do que entre homens. Mas os autores esperam que a conclusão deste e de outros estudos ajudem as autoridades a promoverem meios para ajudarem as famílias a fazerem refeições conjuntamente.

Fonte: BBC

SSD

09 de Janeiro de 2008