A primeira referência literária desta planta data de 600 a.C. onde é descrita como uma planta corante.
O seu uso na culinária é, atualmente, muito difundido, entrando normalmente na composição da mistura a que designamos por caril. É ainda empregue na confeção de inúmeros pratos de peixe e arroz. Uma vez que é mais barato que o açafrão e possui igualmente coloração amarela, é muitas vezes utilizado como substituto deste último como corante alimentar.
O açafrão-da-índia contém óleo essencial (3 a 5%), deve conter no mínimo 3% de derivados do dicinamoilmetano expressos em curcuminas; percentagens elevadas em cetonas sesquiterpénicas de cerca de 65% (tumeronas) e respetivo álcool, o tumerol (9%), e cerca de 25% do hidrocarboneto sesquiterpénico zingibereno; matérias corantes amarelas, 3 a 6% (curcuminóides); glúcidos e sais minerais.
Propriedades variadas
Esta planta é tradicionalmente utilizada pelas milenares medicinas Ayurvédica e Chinesa, devido às suas ações antidispéptica (atenua dor e sensação desagradável relacionada com a função digestiva), carminativa (atenua o desenvolvimento de gases intestinais), colerética (aumenta a secreção de bílis), espasmolítica (inibe os espasmos musculares) e hepatoprotectora.
Atualmente, o seu uso é indicado como eupéptico (auxílio ao processo digestivo), estimulante das secreções digestivas e carminativo nas disquinesias hepatobiliares, hepatites e cólicas gastrointestinais.
São-lhe ainda atribuídas propriedades antiagregante plaquetária e antioxidante, estando também descritos benefícios da sua administração na prevenção de hiperlipidemias (níveis sanguíneos elevados de colesterol e triglicéridos), arteriosclerose e tromboembolias. Alguns estudos sugerem uma ação antimutagénica associada aos seus compostos ativos. Estes estudos não são, no entanto, suficientes para que se afirme, neste momento, qualquer ação anticancerígena da planta.
Mais recentemente, têm sido realizados alguns estudos acerca das suas propriedades anti-inflamatórias, cujas conclusões permitem a sua inclusão em diversos suplementos alimentares indicados como coadjuvantes no tratamento de artrites e de outras condições inflamatórias do foro reumatológico, com resultados francamente positivos.
Externamente, algumas preparações cosméticas à base de açafrão-da-índia são tradicionalmente aplicadas em infeções e eczemas.
Relativamente às apresentações dos suplementos contendo açafrão-da-índia, o seu uso interno deverá ocorrer na dose média diária de 1,5 a 3 gramas, normalmente sob a forma de extrato seco 5:1 em cápsulas, após as refeições principais.
Apesar dos benefícios que estão associados ao seu consumo, o uso de açafrão-da-índia está, no entanto, contra-indicado em caso de obstrução das vias biliares, devendo ocorrer especial atenção no que à suplementação contínua diz respeito, já que esta poderá ser responsável por algum desconforto gástrico. Para o evitar, procure realizar a toma de suplementos à base de açafrão-da-índia às refeições.
Quer seja em preparações culinárias ou sob a forma de suplemento alimentar, inclua o açafrão-da-índia no seu quotidiano e desfrute ao máximo dos efeitos positivos que este apresenta sobre a sua saúde.
Um artigo do médico Pedro Lôbo do Vale, Especialista em Medicina Geral e Familiar e consultor da Associação Portuguesa da Alimentação Racional e Suplementos Alimentares.
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