A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), reforça a importância do alargamento rápido do programa de colocação de bombas de insulina para as pessoas com diabetes tipo 1 em Portugal. Esta questão foi ponto central de debate na reunião extraordinária da Comissão de Saúde da Assembleia da República no dia 22 de dezembro, a propósito da petição pelo acesso aos sistemas híbridos de perfusão subcutânea contínua de insulina (bombas de insulina) e pela qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1 em Portugal. No que diz respeito a pessoas com diabetes tipo 1 acompanhadas na APDP, cerca de 600 aguardam por este sistema.
“As pessoas com diabetes chegam a ter de tomar mais de 100 decisões por dia para poderem manter o controlo da sua diabetes”, explica José Manuel Boavida, acrescentando: “A situação que vivemos hoje é a de que o SNS ainda funciona na base daquilo que foi o estudo inicial para a colocação das primeiras bombas. Temos de avançar para conseguirmos garantir um acesso generalizado a bombas que vão revolucionar o tratamento e se atingir uma melhor qualidade de vida para todos os que vivem com diabetes tipo 1. Só na APDP temos 600 pessoas com diabetes tipo 1 à espera para colocação destes sistemas”.
“Existem estudos clínicos que mostram a grande eficácia destas bombas e estudos económicos que mostram o benefício económico a elas associado”, defende, apelando a uma decisão para se ir além e “aproveitar a experiência adquirida através da utilização das bombas anteriores (não automáticas) para colocar rapidamente cinco mil bombas por ano. A nossa proposta passa por introduzir estas bombas nos sistemas normais de funcionamento do Serviço Nacional de Saúde, bastando a prescrição de médico especialista do centro de colocação de bombas de insulina”.
Os vários pais presentes nesta sessão partilharam a sua experiência e a melhoria que estas bombas podem proporcionar à vida dos seus filhos. Uma das mães, cuja filha foi diagnosticada com diabetes tipo 1 aos 7 anos e utiliza bomba de insulina híbrida há cerca de um ano, desde os 12, descreveu o esforço que tem feito para garantir que a sua filha tem acesso ao melhor tratamento: “Neste momento, vivo sozinha com as minhas duas filhas, uma delas com diabetes, e sou administrativa num hospital, com ordenado mínimo. Achei que valia o esforço e investi numa bomba [automática], porque lhe dá qualidade de vida e, a longo prazo, lhe vai dar mais saúde. E eu não consigo suportar a bomba de insulina com o ordenado que tenho. Arranjei um part-time – entro no trabalho às 9 da manhã, chego a casa às 16 horas, entro no outro trabalho às 17 horas e chego a casa às 22h30”, altura a partir da qual tem tempo para as suas filhas, lamenta.
A petição da APDP, que juntou mais de 27 mil assinaturas, foi entregue na Assembleia da República a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinalou no dia 14 de novembro. A APDP propôs aos grupos parlamentares um aditamento ao Orçamento de Estado de 2023 para a comparticipação de 100% dos dispositivos automáticos de insulina para pessoas com diabetes tipo 1 (DT1), que foi apoiado pelo Bloco de Esquerda. O pedido foi chumbado, tendo sido aprovada uma norma para a criação de um grupo de trabalho para avaliar as condições do alargamento do acesso aos sistemas.
Em Portugal, calcula-se que serão mais de 30.000 as pessoas que vivem com DT1, 5.000 das quais serão crianças e jovens, sendo que este número tem vindo a aumentar consideravelmente nos últimos anos.
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