“Estamos a estudar hora a hora. Isto é uma epidemia ‘online’”, afirmou Graça Freitas hoje em conferência de imprensa na sede da Direção-Geral da Saúde (DGS), em Lisboa.
Ainda há muito desconhecimento sobre o novo coronavírus, como a forma exata de transmissão entre pessoas, a origem concreta do surto (qual o animal que o transmitiu ao primeiro doente contaminado) ou que tipo de doentes são os mais vulneráveis a desenvolver doença grave.
Para a responsável pela autoridade de saúde, a declaração por parte da Organização Mundial da Saúde do surto como emergência de saúde pública global faz com que os países tenham de “aumentar o nível de prontidão, preparação e resposta”.
“O nosso nível de alerta e prontidão obviamente aumentou e aumenta a necessidade de reforçar a capacidade de resposta dos serviços e da sociedade com medidas de saúde pública, para fazer o confinamento ou a contenção [do surto]”, afirmou aos jornalistas.
Nos aeroportos estarão cartazes com informação aos viajantes sobre como devem agir no caso de terem sintomas da doença (tosse, febre ou dificuldade respiratória) e terem viajado da região chinesa afetada ou terem estado em contacto com pessoas doentes.
Contudo, Graça Freitas descartou para já a necessidade de medidas adicionais a quem chegue aos aeroportos portugueses.
A responsável lembrou que o rastreio deve ser feito à saída da China – a principal região afetada – e não à chegada aos países, até porque os passageiros que chegam aos aeroportos não viajam diretamente da China, porque fazem escalas em vários locais.
O rastreio generalizado à chegada não é, assim, considerado eficaz ou aconselhado, indicou Graça Freitas, recordando que no surto de pneumonia atípica de 2012/2013 foram feitos milhares desses rastreios sem que qualquer caso tivesse sido detetado.
Sobre a evolução do surto, a diretora-geral entende como uma “boa notícia” o facto de haver já doentes na China curados e que tiveram alta e classifica também como positivo que os focos secundários da doença em países europeus, como a Alemanha, tenham sido para já contidos.
Também a taxa de mortalidade tem sido “relativamente baixa”, abaixo dos 3%, havendo registo de casos mortais apenas na China.
Graça Freitas apelou para que qualquer pessoa que apresente sintomas da infeção e que tenha viajado da região afetada ou contactado com pessoas doentes ligue para a Saúde 24 – 808 24 24 24.
Os serviços de saúde têm já protocolos estabelecidos para casos suspeitos de infeção por coronavírus, que passam pelo isolamento dos casos, envio de amostras para análise no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Cabe ao INEM fazer o transporte de doentes para os hospitais de referência e os profissionais de saúde têm já orientações sobre as medidas protetivas a adotar.
A China elevou hoje para 213 mortos e quase 10 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado pelo novo coronavírus (2019-nCoV) detetado no final do ano em Wuhan, uma cidade com 11 milhões de habitantes.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos de infeção confirmados em 22 outros países - Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas, Índia, Suécia e Rússia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.
Vários países já começaram o repatriamento dos seus cidadãos de Wuhan, que foi colocada sob quarentena, na semana passada, com saídas e entradas interditadas pelas autoridades durante um período indefinido, e diversas companhias suspenderam as ligações aéreas com a China.
A Comissão Europeia ativou na terça-feira o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, a pedido da França.
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