“Concretamente em Abrantes, há três questões que nos preocupam, uma é a falta de médicos de família, outra é a necessidade de valorização da maternidade do serviço de obstetrícia do hospital local e outra a necessidade de obras no hospital de Abrantes”, afirmou Manuel José Soares, porta-voz da CUSMT, em declarações à Lusa.
No âmbito dessas preocupações, a CUSMT, em conjunto com a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Abrantes, vai promover uma iniciativa pública de concentração de utentes, na sexta-feira, pelas 18:00, em frente ao centro de saúde de Abrantes, no distrito de Santarém, que pretende ser “uma oportunidade” para dar voz às populações, inclusive para poderem “manifestar as suas apreensões relativamente a algumas das questões que é necessário resolver no Médio Tejo”.
“É em volta destas três questões que nos vamos juntar. Depois veremos, efetivamente, formas de abranger mais gente”, disse o porta-voz da CUSMT.
Sem expectativas relativamente à participação dos cidadãos na concentração, Manuel José Soares disse que, “sejam 10, 100 ou 1.000” as pessoas a marcarem presença, a iniciativa pública permitirá saber qual a disponibilidade para se “fazer, eventualmente, outras ações para marcar junto de quem decide as opiniões dos utentes”.
“A situação da saúde é dinâmica, aquilo que hoje pode estar assegurado amanhã pode estar em perigo e, por isso, nós fazemos questão de estarmos permanentemente em cima do acontecimento”, indicou o representante dos utentes, referindo que hoje, por exemplo, se reformou mais um médico de Abrantes, “o que quer dizer que cerca de 1.500 utentes vão deixar de ter médico de família”.
As comissões de utentes têm “uma listagem de reivindicações no conjunto dos serviços públicos e, concretamente, na saúde”, em que se destaca a necessidade de mais médicos de família.
“No conjunto do Médio Tejo, temos 104 médicos, isto é que têm contrato em funções públicas com a ARS [Administração Regional de Saúde], porque depois há um conjunto de prestadores de serviços, uns que têm contrato, outros não têm, mas faltam, neste momento, 33 médicos”, apontou Manuel José Soares, acrescentando que foram pedidas 22 vagas, mas só foram atribuídas 12.
O porta-voz da CUSMT disse que é preciso gerir a atribuição dos médicos de família com os meios disponíveis: “Esperemos que venham os 12 [médicos] para poder fazer uma cobertura o mais eficiente e eficaz possível de toda a região do Médio Tejo”.
“No que respeita a Abrantes, é o segundo concelho do Médio Tejo que tem mais utentes sem médico de família, daí que tenham sido atribuídas três vagas”, adiantou o representante dos utentes, esperando que essas vagas sejam preenchidas e que, conjuntamente, com médicos prestadores de serviços se possa “fazer uma cobertura integral em matéria de cuidados médicos junto de toda a população”.
Manuel José Soares defendeu ainda que “a melhor maneira de ter saúde é evitar estar doente”, realçando um conjunto de cautelas em termos de saúde pública, inclusive a condução nas estradas, “porque a sinistralidade rodoviária é um problema de saúde pública”.
O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo assegurou hoje que os utentes de Alcanena e de Torres Novas vão ter médico de família já em julho, concelhos onde o défice de profissionais mais se faz sentir.
Os concelhos mais afetados pela falta de médicos de família no ACES Médio Tejo, segundo dados da tutela, “são os de Ourém, Abrantes, Alcanena, Tomar e Entroncamento”, revelou à Lusa a diretora executiva do ACES Médio Tejo, Diana Leiria, sublinhado que “o facto de os utentes não terem médico de família atribuído não significa que não tenham acesso aos cuidados” de saúde.
Diana Leiria informou que está a decorrer um concurso nacional de acesso à carreira especial médica – Medicina Geral e Familiar e neste procedimento o ACES Médio Tejo tem 12 vagas.
O ACES Médio Tejo tem 2.706 quilómetros quadrados e abrange 11 municípios com cerca de 225 mil utentes/frequentadores, sendo composto pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha, todos no distrito de Santarém.
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