Centenas de pessoas, entre profissionais de saúde, pacientes e famílias inteiras, concentraram-se ontem em frente à Maternidade Alfredo da Costa para protestar contra o encerramento da maior maternidade do país, recentemente anunciado pelo governo.
Sob o mote “Uma flor pela MAC”, a concentração foi colorida por rosas, gerbérias, cravos e outras flores que acabaram depositadas num relvado em frente à maternidade onde foi desenhado o símbolo da MAC e preenchido por flores.
Várias crianças que nasceram na maternidade participaram no protesto, muitas com autocolantes a informar que ali nasceram ou cartazes dizendo "É graças a esta casa que eu conto para a taxa de natalidade deste país”.
Uma família com um grupo de quadrigémeas nascidas na MAC, com dois anos e 10 meses, participou também no protesto, para mostrar a sua indignação contra o encerramento da instituição: “Ao fim de 20 dias de as quatro bebés terem nascido voltámos todas para casa. Tal só foi possível graças ao profissionalismo da equipa que aqui trabalha”, contou a mãe das quadrigêmeas, Sara Melo.
Os profissionais de saúde, entre pediatras, ginecologistas ou obstetras que trabalham na maternidade, e alguns internos daqueles serviços, também participaram no protesto, alguns dos quais recolhendo assinaturas para uma petição contra o encerramento da MAC que circula com o objetivo de ser entregue aos deputados.
“A nossa maior preocupação é considerar que a saúde vai diminuir os cuidados de saúde para a criança e a mulher”, afirmou à Lusa a médica Maria Luísa Martins, defendendo que “não se mexe numa equipa [de profissionais de saúde] ganhadora” e mostrando preocupação sobre a formação futura dos internos daquelas especialidades.
As auxiliares que trabalham na maternidade também se fizeram representar no protesto e manifestaram preocupação com o seu futuro profissional, especialmente as que têm vínculo precário e que poderão ficar sem trabalho quando a maternidade encerrar.
Sentadas nas escadarias da maternidade, várias mulheres, algumas já com alguma idade e outras atuais pacientes na MAC e que temem o futuro quando a maternidade encerrar, participaram também na manifestação.
“Tirei uma mama há poucas semanas e ando a ser seguida aqui no serviço da MAC. Tenho muito medo de que a maternidade feche, até porque tenho muita confiança nesta equipa que me está a seguir”, contou à Lusa Georgina Antunes, de 64 anos.
Um dos argumentos do governo para o encerramento da MAC é o excesso de oferta de serviços de obstetrícia na região de Lisboa.
16 de abril de 2012
@Lusa
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