O relatório do Programa Conjunto de Monitorização OMS/UNICEF "Progress on Drinking Water, Sanitation and Hygiene: 2017 Update and Sustainable Development Goal Baselinesapresenta a primeira avaliação mundial sobre serviços de água potável e saneamento "geridos de forma segura". A principal conclusão é que um número enorme de pessoas continua sem acesso a estes serviços, especialmente em zonas rurais.

"Ter acesso a água potável, saneamento e higiene em casa não devia ser um privilégio apenas dos ricos ou dos que vivem em centros urbanos", diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde. "Estamos a falar de serviços básicos para a saúde humana, e todos os países têm a responsabilidade de assegurar que todas as pessoas a eles possam aceder".

Ainda que, desde o ano 2000, milhares de milhões de pessoas tenham passado a aceder a serviços básicos de água potável e saneamento, estes serviços não fornecem necessariamente água e saneamento seguros. Muitas casas, centros de saúde e escolas também ainda não dispõem de água e sabão para lavagem das mãos, situação que põe a saúde das pessoas, mas principalmente das crianças pequenas, em risco de doenças, como a diarreia.

Mais de 361.000 mortes de crianças com menos de 5 anos

Como consequência, 361.000 crianças menores de 5 anos morrem anualmente devido à diarreia. O saneamento precário e a água contaminada também estão associados à transmissão de doenças como a cólera, disenteria, hepatite A e febre tifóide.

"A água salubre, o saneamento e a higiene adequados são fundamentais para a saúde de todas as crianças e de todas as comunidades, e por isso essenciais para construir sociedades mais fortes, mais saudáveis e mais equitativas", afirmou Anthony Lake, diretor executivo da UNICEF. "Ao melhorarmos hoje estes serviços nas comunidades carenciadas e para as crianças mais carenciadas, estamos a dar--lhes uma oportunidade mais justa para que possam ter um futuro melhor".

A fim de reduzir as desigualdades ao nível mundial, os novos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) apelam ao fim da defecação ao ar livre e para que seja assegurado o acesso universal aos serviços básicos até 2030.

Dos 2,1 mil milhões de pessoas (30% da população mundial) que não dispõem de água gerida com toda a segurança, 844 milhões não têm mesmo acesso a serviços básicos de água potável. Este número inclui 263 milhões de pessoas que levam mais de 30 minutos para chegar ao ponto de abastecimento de água mais próximo e 159 milhões continuam a beber água não tratada de fontes de água de superfície, como riachos ou lagos.

Em 90 países, os progressos em matéria de saneamento básico são muito lentos, o que significa que não atingirão a cobertura universal até 2030.

Dos 4,4 mil milhões de pessoas (60% da população mundial) que não têm acesso a um saneamento seguro, 2,3 mil milhões ainda não dispõem de serviços básicos de saneamento. Este número inclui 600 milhões de pessoas que partilham sanitários ou latrinas com outras famílias e 892 milhões de pessoas – principalmente em zonas rurais – que defecam ao ar livre, uma prática que devido ao crescimento populacional está a aumentar na África subsaariana e na Oceania.

As boas práticas de higiene são a maneira mais simples e eficaz de evitar a propagação de doenças. Pela primeira vez, os ODS estão a monitorizar a percentagem de pessoas que dispõem de instalações para lavar as mãos em casa com água e sabão. De acordo com o novo relatório, o acesso a água e sabão para lavagem das mãos varia consideravelmente nos 70 países com dados disponíveis, oscilando entre 15% da população na África subsaariana e 76% na Ásia Ocidental e no Norte de África.