Um porta-voz da Comissão disse esta terça-feira que a instituição deve iniciar amanhã "uma revisão do mecanismo de autorização e transparência das exportações".

É provável que o assunto seja objeto de debates durante a cúpula dos líderes da UE nestas quinta e sexta-feiras, que deve acontecer por videoconferência.

Na semana passada, a Comissão anunciou que estava pronta para impor condições mais rígidas às exportações de vacinas da Europa, num gesto direcionado explicitamente à AstraZeneca, que tem sede no Reino Unido.

Num discurso aos eurodeputados, a chefe da Direção de Saúde da Comissão, Sandra Gallina, disse que a UE tem "um problema grave" com a AstraZeneca.

A empresa anglo-sueca entregou menos de 25% das mais de 100 milhões de doses que se comprometeu a fornecer nos primeiros três meses deste ano, disse a funcionária. "Gostaria de informar que estamos a tomar medidas", disse Gallina sobre a AstraZeneca.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ameaçou proibir a exportação de vacinas da AstraZeneca, sugestão que provocou uma disputa acirrada entre Bruxelas e Londres, acompanhada de acusações mútuas de "nacionalismo das vacinas".

Segundo o mecanismo de controlo de exportações da UE, adotado e implementado no final de janeiro, um fabricante de vacinas deve solicitar autorização para enviar doses fora do bloco.

Até agora, foi registado apenas um caso de envio bloqueado, quando a Itália vetou a exportação de vacinas para a Austrália.

Os Estados-membros da UE estão divididos sobre se devem intensificar as proibições de exportação.

Vários países recordam que o Reino Unido já recebeu mais de 10 milhões de vacinas produzidas na UE este ano, mas que o bloco não recebeu nenhuma dose produzida no território britânico.

Outros países temem que esta disputa possa desencadear represálias que afogariam as redes internacionais de fornecimento de vacinas, algumas das quais proporcionam itens cruciais.