De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), apesar de 80 camiões com ajuda humanitária terem chegado a Tigray entre 28 de setembro e 05 de outubro, vários materiais médicos de primeira necessidade “não foram autorizados a entrar”.

“A situação sanitária é particularmente preocupante devido à falta de medicamentos e de equipamento médico”, acrescentou a agência, citada pela agência France-Presse (AFP).

No hospital de Ayder, o maior da região, 18 pessoas, incluindo uma criança, morreram devido à falta de um cateter de diálise, segundo a OCHA.

“A vida de 34 pacientes está em risco se o equipamento de diálise não chegar imediatamente”, acrescentou a agência da ONU.

O hospital também não dispõe de uma máquina de oxigénio funcional e as peças de substituição não estão disponíveis em Tigray.

O relatório da OCHA aponta ainda que cinco mulheres morreram no distrito de Selwa, no sul de Tigray, devido a “falta de cuidados médicos” no tratamento da hemorragia pós-parto.

Segundo a AFP, a escassez de combustível e de dinheiro são também um problema e levaram os grupos de ajuda humanitária a reduzirem o apoio a instalações médicas.

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF, na sigla em inglês), o partido eleito e no poder no estado.

O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF, partido que controlou a Etiópia durante quase 30 anos.

Em 28 de junho, Adis Abeba anunciou um cessar-fogo unilateral, aceite, em princípio, pelas forças de Tigray.

No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.

As organizações de ajuda humanitária queixam-se que, apesar do cessar-fogo, o acesso continua limitado, sendo constrangido pela insegurança e por bloqueios administrativos.

Em 01 de junho, o Programa Alimentar Mundial advertiu que um total de 5,2 milhões de pessoas, mais de 90% da população de Tigray, necessita de assistência alimentar de forma urgente devido ao conflito.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 100.000 crianças poderão sofrer de desnutrição aguda potencialmente mortal durante os próximos 12 meses — 10 vezes a média anual.