"New technologies/New achievements" é o tema de um dos simpósios que vai mostrar como “o conhecimento não tem fronteiras". "O objetivo é trazer esse conhecimento, literalmente, para a Terra, aplicado aos doentes com cancro", refere Luís Costa, presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (ASPIC) e diretor do Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria.

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Leon Alkalai é o homem em destaque, um investigador que trabalha na NASA, que participará neste Congresso através de vídeo-conferência. "É um dos homens que fez parte da equipa responsável pela sonda que pousou em Marte" e que se encontra, atualmente, a aplicar os seus conhecimentos à medicina. E uma das áreas que escolheu foi o cancro. "A instituição mundial com maior capacidade ao nível de instrumentos tecnológicos para visão é a NASA e o que estão a fazer é aplicar esse conhecimento ao corpo humano e aos tecidos humanos", explica Luís Costa.

"Temos vírus e bactérias que habitam em nós e, enquanto hospedeiros, convivemos com esses vírus e bactérias, que modelam muitas das nossas respostas imunitárias", acrescenta.

Bactérias do intestino e NASA: que relação?

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"Alguns tratamentos contra o cancro na área da imunoterapia podem depender de todo o tipo de bactérias que os doentes têm no seu intestino. Por isso, temos de as conhecer. O que é que a NASA tem a ver com isto? Nós podemos fazer análises cada vez mais profundas e a NASA é provavelmente uma das organizações a nível mundial mais bem preparada para analisar microbiomas. Porque não há nenhum objeto que vá para o espaço ou que venha do espaço que não seja analisado ao detalhe em busca de possíveis microorganismos. É que nós não queremos contaminar o espaço e não podemos ser contaminados a partir do espaço", explica o médico.

É essa capacidade de análise de microbiomas, que Luís Costa considera "fantástica", que está a ser aplicada à análise de tecidos. "Ninguém diria que isso fosse possível há uns anos. Já há trabalhos publicados e descobriu-se que a população de microrganismo nos ductos mamários das mulheres com cancro da mama é diferente das que não têm cancro da mama. No futuro, valerá a pena saber se esta composição do microbioma é importante ou não para conhecer as mulheres em risco de cancro da mama, isto para além dos fatores de risco que já são conhecidos".

Leon Alkalai marca presença através de video-conferência, mas muitos outros nomes vão estar presentes, com projetos igualmente surpreendentes e importantes na investigação sobre o cancro, como o espanhol J. Iñaki Martin-Subero ou Peter Nelson, do Fred Hutchinson Cancer Research Center, que apresenta novidades na área do cancro da próstata.

Aos portugueses Carlos Caldas, diretor do Cambridge Breast Cancer Research Unit, Susana Godinho, do Barts Cancer Institute, de Londres, e Carla Martins, da Universidade de Cambridge, juntam-se vários outros investigadores nacionais.