Trata-se de um protesto inédito e cujas declarações de responsabilidade estão também a ser enviadas para a direção de Serviço de Neonatologia B. "A situação é alarmante, muito grave. Os médicos desta maternidade consideram que a realidade é, de tal modo preocupante, que, neste documento, explicitam os alertas para os graves riscos ali existentes para a saúde das mulheres e das crianças", alerta o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.

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Estão em causa a realização de consultas e cirurgias, bem como o serviço de urgência, o apoio perinatal diferenciado, entre outros. Motivo: faltam médicos pediatras, ginecologistas e obstetras, cuja escassez o Ministério da Saúde não resolve há vários anos.

Carlos Cortes, perante o quer está a acontecer, denuncia: "Há mais de oito anos que não há contratação de pediatras. Há quase uma década que se assiste a uma tal escassez de meios que só com a dedicação dos profissionais é possível cumprir com as normas dos colégios da especialidade".

O presidente da SRCOM alerta para o colapso do serviço e solicita rapidez na resolução dos problemas mais graves: "Desde 2012 que se aguarda pela resolução e construção da maternidade de Coimbra. Vamos assistir ao desmoronamento de serviços de topo? O Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e a Administração Regional de Saúde do Centro tem de pressionar ainda mais o Ministério da Saúde perante esta incapacidade em dar resposta às necessidades das mães, das grávidas e da crianças".

Ordem dos Médicos já recebeu 28 declarações de responsabilidade

Face a esta gravidade, os médicos estão a assinar massivamente a declaração de responsabilidade. Enunciando os riscos, lê-se no documento: "Sem prejuízo do dever de assegurar a sua prestação clínica de forma consentânea com os seus conhecimentos e experiência profissional, a situação supra reportada é suscetível de fazer incorrer os doentes em risco e, em consequência disso, o/a signatário /a em responsabilidade médica, disciplinar e penal". Nos últimos dias, a Ordem dos Médicos já recebeu 28 declarações de responsabilidade.

"No atual contexto, é incompreensível que não tenha sido atribuída qualquer vaga de Pediatria para as duas maternidades e Hospital Pediátrico e apenas uma vaga de Ginecologia/Obstetrícia para as várias unidades deste centro hospitalar". O presidente da SRCOM acusa ainda: "Existe uma tentativa notória de asfixiar o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra na sua importante componente de cuidados de saúde na área materno-infantil. É notório que este centro hospitalar foi eliminado do plano de atividades do Ministério da Saúde".

"A SRCOM alerta, pois, para a possibilidade iminente da Maternidade Bissaya Barreto ver a sua atividade comprometida e de estar impossibilitada de dar resposta nalgumas áreas sensíveis da Saúde da Mulher e da Criança", conclui Carlos Cortes.