Confinado a um quarto de sete metros quadrados onde cabe apenas uma pequena cama e um refrigerador, o homem de 45 anos gravou 16 vídeos desde julho de 2016 em que pede ajuda.
No mais recente, faz um pedido dramático ao presidente Nicolás Maduro: que o ajude a morrer dignamente. Embora a eutanásia seja ilegal na Venezuela, Marco advoga por uma lei para casos terminais ou como o seu.
"Assim que sofri o acidente (de carro), pedi a toda a gente que me matasse, depois aceitei o que aconteceu. Não quis a morte, adoraria viver, só que em melhores condições. Mas se não é possível, prefiro a eutanásia", disse à agência France Presse em sua casa em Cabudare, no estado de Lara.
Técnico industrial de 45 anos, Marco tenta sobreviver com uma pensão e um subsídio mensais que somam 186.000 bolívares (4,3 dólares na taxa do mercado negro), quando uma sonda urinária custa 24.000 e um quilo de carne 50.000.
"Não dá para nada. Tudo está extremamente caro", comenta o homem, que também necessita de fraldas, luvas de látex e álcool.
O país do petróleo sofre uma grave crise económica com escassez de alimentos e remédios. Muitos produtos disponíveis são impagáveis para a maioria, pois estão taxados no dólar negro - 12 vezes mais do que a cotação oficial.
Perante a drástica redução das importações do governo, a falta de medicamentos atingiu os 85%, segundo a Federação Farmacêutica.
Um poço sem fundo
Depois do último vídeo, gravado pela filha de 13 anos que se opõe a que Marco antecipe a sua morte, várias pessoas ligaram para oferecer doações.
Impedido de mover mãos e pés, atende o telemóvel com uma vareta de madeira que mexe com a boca. Uma proeza que conseguiu há anos e que lhe permite também usar o comando da televisão.
Nas gravações, divulgadas nas redes sociais, resume o seu drama a Maduro. "Estão a matar-nos de fome: ou compro comida ou compro medicamentos".
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