Hoje, mais do que nunca, as alterações climáticas estão na ordem do dia, e já fazem parte da nossa realidade, estas são resultado de uma exploração desmedida dos recursos naturais por parte do homem.

A alimentação tem um impacto colossal nesta exploração, não só pelo consumo excessivo de carne e produtos de origem animal e pelo desperdício alimentar, como também pelo próprio sistema de transporte de alimentos.

É assim muito importante, praticarmos uma alimentação mais sustentável, ou seja, uma alimentação que seja culturalmente aceite e acessível, e que permita satisfazer todas as necessidades fisiológicas, ao mesmo tempo que assegura o respeito pela biodiversidade e ecossistemas, sendo economicamente justa e viável, combatendo o desperdício. Um alimento para ser considerado sustentável, deve ser produzido através de um método que respeite o ambiente, não ser processado e deve ser local e sazonal.

Partilho convosco algumas medidas que podem ajudar a diminuir o impacto da alimentação nas alterações climáticas, e também a melhorar o nosso estado de saúde, pois uma alimentação mais sustentável é também mais saudável.

Em primeiro lugar, devemos aumentar o consumo de produtos de origem vegetal, cujo impacto na poluição atmosférica é menor e são também mais ricos em nutrientes e estão associados a um menor risco cardiovascular.

De seguida, é importante consumirmos produtos de época e preferencialmente de produtores locais, para além de diminuirmos o consumo de energia na sua produção, diminuímos também a libertação de carbono para a atmosfera, durante o seu transporte. Estes alimentos são também mais saborosos e preservam melhor os seus nutrientes e o consumo de produtos adquiridos a produtores locais, aumenta a proximidade entre consumidor e produtor, o que faz com que exista um maior conhecimento sobre as boas práticas do produtor. Nesse caso, o consumo do plástico é também diminuído, pois existe uma menor necessidade de utilização de embalagens.

Por fim e não menos importante, há que diminuir o desperdício alimentar, por exemplo, podemos consumir a fruta e cozinhar os legumes com casca, e aproveitar sempre as sobras para elaborar novos pratos igualmente saborosos. É também importante olhar sempre para o prazo de validade dos alimentos.

Se seguirmos estas 3 premissas, ajudamos a garantir a sustentabilidade da nossa alimentação no futuro e garantimos os recursos necessários para as gerações seguintes.

Estas e outras práticas são a base do padrão alimentar mediterrâneo, padrão esse que pratico, recomendo e defendo, como sendo o que contribui para uma melhor saúde, a todos os níveis.

Este é o padrão alimentar típico dos países mediterrâneos. É amplamente estudado sendo associado a vários benefícios para a saúde, nomeadamente a redução da incidência das doenças cardiovasculares, cancro, Parkinson e Alzheimer.

O padrão alimentar mediterrânico baseia-se em 10 princípios: cozinha simples; elevado consumo de produtos vegetais; consumo de produtos vegetais produzidos localmente e da época; preferência pelo azeite como principal fonte de gordura; moderado consumo de lacticínios; utilização de ervas aromáticas para temperar em detrimento do sal; consumo frequente de pescado e baixo de carnes vermelhas; consumo baixo de vinho tinto e apenas nas refeições principais (exceção crianças e grávidas); água como principal bebida e convivialidade à volta da mesa.

Infelizmente esta dieta, que era a base da alimentação em Portugal, tem vindo progressivamente a perder força, mas acredito que com a disseminação do conhecimento dos benefícios deste padrão alimentar, tanto para a saúde como para o ambiente, vai haver um aumento dos praticantes da mesma. Esse é o trabalho que faço todos os dias e que continuarei a fazer.