A pandemia deixou em Itália mais de 34.000 mortos. Os alarmes soaram novamente depois que surgiram dois recentes focos da doença em Roma, com 100 casos.

Até agora, foram registados nove casos.

"Todos os casos positivos foram transferidos e os seus contactos identificados e submetidos a testes", disse a unidade regional de crise COVID-19.

"Absolutamente nenhum controlo"

Se não fosse pela faixa amarela e pelos dois carros de polícia na entrada, nada indicaria a presença de um surto no prédio deste bairro tranquilo.

Nesta manhã, os clientes de um supermercado próximo faziam as suas compras tranquilamente e as pessoas passeavam com o cão ou tiravam o lixo como em qualquer outro dia.

Todos os policias e habitantes usam máscaras e apenas a presença de jornalistas revela que algo está a acontecer.

Embora não seja visível do lado de fora, o edifício é insalubre e ilegalmente ocupado, com o apoio de uma associação.

"Os habitantes são sul-americanos, italianos, gente que trabalha, principalmente famílias", afirma Ion, que trabalha no supermercado próximo.

"A situação é um pouco particular aí dentro porque as casas de banhos são comuns", explica.

Segundo Raffaele, de 77 anos, que mora num prédio vizinho, "é um edifício ocupado desde 2013, onde há um constante movimento de pessoas que chegam do mundo todo".

"Não há absolutamente nenhum controlo", lamenta este aposentado que usa máscara e óculos de sol.

Vigilância

O segundo foco de coronavírus em Roma, numericamente maior com 104 casos e cinco mortos, está localizado no hospital San Raffaele Pisana, nos arredores do oeste da cidade.

Dois veículos do exército controlavam a entrada este domingo, mas a situação parece normal.

As autoridades de saúde regionais estão a realizar uma pesquisa epidemiológica e garantem que a vigilância "continua a ser muito grande".

A aparição destes dois focos de COVID-19 em Roma preocupa, apesar de a doença parecer estar controlada.

"Ninguém tinha ilusões de que os problemas haviam acabado", disse à imprensa local Ranieri Guerra, diretor adjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Isto significa que o vírus não perdeu a sua contagiosidade, não enfraqueceu (...). Circula menos, mas está lá", afirmou este especialista italiano em infecções.

"Esses micro-focos eram inevitáveis mas estão limitados no tempo e no espaço. E hoje temos os instrumentos para interceptá-los e delimitá-los", destacou.