24 de outubro de 2013 - 14h22

Quase 20% das crianças com um ano e meio da região Norte de Portugal consomem diariamente refrigerantes e 10% comem sobremesas doces também numa base diária, segundo dados de um estudo revelados hoje em Lisboa.

De acordo com o Estudo do Padrão Alimentar e de Crescimento na Infância, que avaliou hábitos das crianças até aos 36 meses, o consumo de sobremesas e doces nos meninos de 18 meses é semanal para 41% das famílias do Norte e diário para 10%.

Quanto aos refrigerantes sem gás, são 18,5% as famílias que dizem que os seus filhos com um ano e meio os bebem diariamente, enquanto 27,4% indicam que o consumo é semanal. Em 12% das famílias, as crianças com 18 meses nunca consumiram estas bebidas.

Pedro Graça, coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, explicou aos jornalistas que este estudo foi realizado em todo o país, com uma amostra representativa da realidade nacional, mas os resultados globais só serão conhecidos dia 01 de novembro.

Dos números já disponibilizados, relativos à região Norte, a conclusão nas crianças em idade mais jovem é a de que “o bom e o mau na alimentação” surgem muito associados.

A par do elevado consumo de refrigerantes e doces em idades precoces, regista-se uma “prática muito positiva” de consumo generalizado de sopa e fruta a partir dos seis meses de idade.

Assim, mais de 90% das crianças começaram a comer sopa e fruta diariamente a partir dos seis meses, refere o estudo.

Na apresentação do relatório “Alimentação Saudável em Números” , feita hoje pela Direção-Geral da Saúde, foram ainda incluídos dados de outro estudo que analisou hábitos alimentares em adolescentes entre os 6.º e o 10.º ano de escolaridade.

Concluiu-se que “quando [os jovens] começam a ficar mais independentes, há uma redução de práticas alimentares que os protegiam”, como se vê na redução do pequeno-almoço, refeição considerada essencial para os nutricionistas.

No 6.ºano eram 3,7% os jovens que nunca tomavam o pequeno-almoço, número que no 10.º ano subiu para os quase nove por cento.

Em relação às crianças do primeiro ciclo, o documento da DGS aponta para uma “aparente estabilização” do número de meninos com obesidade e excesso de peso.

De 2008 para 2010, passou-se de uma percentagem de 15,3% para 14,6% de obesos e de uma taxa de 37,9% para 35,6% de excesso de peso em crianças dos seis aos nove anos.

“Os números elevados são preocupantes, mas com uma aparente estabilização neste grupo etário, talvez fruto do trabalho que se realizou nesta área”, concluiu Pedro Graça, coordenador do Programa Nacional.

No que se refere à distribuição geográfica, as regiões autónomas são as que apresentam prevalências de obesidade maiores no 1.º ciclo, com valores de 22% nos Açores e de 16% na Maderia.

Na situação oposta surge o Algarve, que apresenta os mais baixos indicadores do país, com apenas 8,7% de obesidade e 10,7% de excesso de peso.

Pedro Graça apresenta como possível justificação para o sucesso no Algarve a “estratégia consolidada de combate à obesidade” que tem sido seguida na região nos últimos 20 anos.

Segundo o documento, a obesidade afeta cerca de um milhão de adultos em Portugal.

Tal como acontece noutros países, são os grupos socialmente mais vulneráveis que parecem estar mais expostos a situações de risco nutricional, o que leva os especialistas a acreditarem que são necessários materiais de comunicação e educação para grupos com menores níveis de literacia.

“O impacto crescente que as pessoas obesas começam a ter nos serviços de saúde, mesmo sub-reportados, demonstra a necessidade de se atuar cada vez mais cedo”, indica a DGS.

Outra conclusão do relatório é a de que há uma maior necessidade de apoio alimentar e nutricional por parte dos serviços de saúde à população mais idosa.

Lusa