E se eu não conseguir? E se me acontece alguma coisa? E se suceder alguma coisa má aos meus filhos? Será que vou ficar sozinho(a) para sempre? Como será a minha vida quando os meus filhos saírem de casa?
Questões como estas são uma constante na mente das pessoas com Perturbação da Ansiedade Generalizada.
A ansiedade e a preocupação persistentes e excessivas acerca de acontecimentos ou atividades ocorrem quase diariamente e em mais de metade do dia, sendo estas as características principais de quem sofre de Perturbação de Ansiedade Generalizada. Mas nem sempre as preocupações são sentidas pelos próprios como excessivas.
Um imenso mal-estar subjetivo, dificuldade em controlar pensamentos preocupantes ou o comprometimento do funcionamento pessoal, familiar, social e ocupacional, fazem parte do quadro clínico desta perturbação.
Os adultos com esta patologia preocupam-se excessivamente com circunstâncias diárias e rotineiras da vida, saúde pessoal e dos membros da família, fatores financeiros, azares ou acidentes que temem poder acontecer aos filhos, ou com pequenos problemas (por exemplo, chegar atrasado ao trabalho ou a encontros, antecipar ou deparar-se com reparações no carro ou em casa, pequenas deslocações para o trabalho ou idas às compras, entre outras). Por sua vez, as crianças com esta perturbação apresentam demasiada preocupação com o seu desempenho ou com competências pessoais, ou que algo de mal possa acontecer aos pais ou irmãos.
De notar que durante o processo de evolução crónica e oscilante desta perturbação os focos de inquietação tendem a mudar facilmente de uns temas para outros.
Dificuldades de concentração, alterações no padrão do sono (por exemplo, dificuldade em adormecer ou permanecer a dormir, sono agitado, sono não reparador), irritabilidade, agitação, dores de cabeça, náuseas, aumento do ritmo cardíaco, suores, sensação de aperto no peito ou tensão muscular, são sintomas adicionais desta patologia do foro mental. Este quadro sintomático tem tendência a agravar-se durante períodos ou circunstâncias de maior stress.
A Perturbação da Ansiedade Generalizada é uma das perturbações de ansiedade mais persistentes e crónicas, causando, assim, níveis de sofrimento e prejuízos significativos, que beneficiam de uma intervenção psicológica.
Frequentemente coexiste com Perturbação Depressiva, Perturbações do Humor, Perturbação do Pânico e Fobia Social, entre outras. Muitas pessoas com esta perturbação dizem sentir-se ansiosas durante quase toda a sua vida.
Todas as pessoas, umas mais do que outras, experienciam ansiedade e preocupações em alguns momentos da vida, o que é perfeitamente normal. Tomemos como exemplo, a ansiedade antecipatória a um teste ou durante uma entrevista de trabalho, ou as preocupações sentidas perante uma condição de desemprego ou de doença.
Por conseguinte, importa realçar que são várias as características que distinguem a Perturbação da Ansiedade Generalizada da ansiedade não patológica. Em primeiro lugar, as preocupações e ansiedade associadas com a Perturbação Generalizada da Ansiedade são (muito) difíceis de controlar e interferem bastante com o funcionamento e bem-estar da própria pessoa, enquanto que as preocupações do quotidiano são sentidas como mais controláveis, fazendo parte do dia-a-dia, e passíveis de ser adiadas.
Em segundo lugar, as preocupações e ansiedade associadas com a Perturbação da Ansiedade Generalizada são mais globais, intensas, angustiantes, de maior duração e ocorrem sem acontecimentos que as precipitem. Em terceiro lugar, as preocupações e ansiedade do dia-a-dia têm muito menos probabilidade de causar sintomatologia (esta probabilidade é menos acentuada para as crianças) ou, a existir, os sintomas são em menor número, menos intensos e menos duradouros.
Dado que a ansiedade, preocupação e sintomas causam mal-estar clinicamente significativos ou o comprometimento no funcionamento pessoal, familiar, social, profissional ou em qualquer outra área, é por demais importante que as pessoas procurem ajuda especializada.
A consulta de psicologia pode ser a melhor solução para quem sofre desta perturbação.
Um artigo da psicóloga Lina Raimundo, da MIND - Psicologia Clínica e Forense.
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