Se a mulher é jovem, não fumadora, não obesa, não portadora de doença crónica, tem à sua disposição praticamente todas as opções, desde os clássicos pílula, preservativo, anel vaginal ou transdérmicos até aos de longa duração como os sistemas intrauterinos hormonais (SIU) ou implante subcutâneo. A sua decisão pode assim basear-se em factores como:
- Tempo que pretende adiar a sua gravidez: métodos de curta duração permitem uma gestão mensal do planeamento e a sua paragem depende exclusivamente do casal. Métodos de longa duração permitem a eficácia de uma contracepção duradoura, com períodos máximos que vão de 3 a 5 ou mais anos (podendo no entanto ser removidos antes, se for o desejo da mulher). Nestes últimos, a decisão de parar a contracepção tem obrigatoriamente que se fazer acompanhar por uma consulta no médico assistente, que promoverá a remoção do método para retomar a fertilidade.
- Disciplina da toma vs liberdade da mesma: os métodos como a pílula implicam uma toma diária disciplinada, sem esquecimentos. Os métodos como o anel vaginal já ampliam esse período e tornam-se uma medida mensal. Os de longa duração contornam esta limitação diária ou mensal, permitindo que a mulher usufrua da contracepção durante anos sem que para tal tenha sequer que pensar no assunto.
- Vontade de controlar as hemorragias menstruais: a pílula ou anel vaginal por exemplo, permitem prever os períodos de hemorragia ou até evitá-los através da utilização contínua. Outros métodos conduzem a hemorragias que embora escassas podem ser muito irregulares e outros como o SIU provocam muitas vezes a ausência de menstruação que, não sendo nociva para a saúde das mulheres, as poupam a esse desconforto quando pretendem evitá-lo.
Por outro lado, há um grupo grande de mulheres com limitações na escolha do método contraceptivo, nas quais o aconselhamento médico se impõem. Mulheres com
- patologia crónica (hipertensão arterial, obesidade, trombofilias, neoplasias activas ou antigas...)
- idade acima dos 35 e especialmente acima dos 40 anos
- hábitos aditivos ou farmacológicos, nomeadamente o tabagismo ou terapêutica crónica
devem ser aconselhadas a optar por métodos que não lhes aumentem riscos de trombose, neoplasias, etc... ou que representem interações graves com a sua doença ou medicação. Apesar destas limitações, cabe de qualquer forma à mulher optar pelo método que considera mais adequado para si, após conhecer as suas opções e os riscos e benefícios que corre com cada uma delas.
Concluindo, e para sublinhar a importância da relação médico-doente no contexto de planeamento familiar, destaco os que considero serem os principais elementos para decidir o método contraceptivo:
Por um lado o esclarecimento completo da mulher: a mulher só consegue decidir se conhecer. Conhecer o método, os risco e benefícios o melhor e o pior a esperar do seu uso.
Por outro, não menos importante, a abertura do médico para aceitar a decisão da mulher, decisão essa que nem sempre é equivalente à que consideramos melhor. Nesses casos, e excepto quando a decisão é um método contraindicado para aquela mulher ou sem eficácia reconhecida, esta deve ser esclarecida e suportada pelo médico, dando a certeza que poderá contar com ele para manter a sua utilização ou mudar se decidir que afinal não foi a melhor opção.
Um artigo da médica Diana Martins, Especialista de Ginecologia e Obstetrícia.
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