Elsa Martins, psicóloga, diz que a iniciativa se insere nas atividades de exterior realizadas com os grupos terapêuticos, sendo a primeira vez que se realizam ações com a comunidade com o objetivo de “desconstruir o preconceito existente para com a doença mental”.
“Queremos desfazer a ideia de que o doente mental é um tontinho que não sabe fazer nada”, disse. Daí, a atividade programada para quinta-feira inclui uma exposição-venda de trabalhos feitos pelos doentes, intitulada “Mãos Habilidosas”, em que parte das receitas reverterá para uma instituição infantil da cidade, adiantou.
Do programa fazem parte vários 'workshops' que abordarão temáticas como primeiros socorros, aprendizagem de pequenos consertos domésticos e noções de economia doméstica, para ajudar pessoas que, pela doença, ficam “atarantadas” quando têm de resolver pequenas questões do dia a dia e que tendem a não saber estabelecer prioridades, disse.
Elsa Martins comenta que o trabalho desenvolvido com os grupos terapêuticos desde há dez anos – inicialmente com sessões semanais, atualmente de três em três semanas, devido às dificuldades de transporte dos que vivem fora da capital de distrito – tem-se revelado “muito frutífero”, com 95% das pessoas que os frequentam a não necessitarem de novos internamentos.
Os grupos terapêuticos procuram ajudar os doentes “a lidar com situações de stresse”, nomeadamente auxiliando na gestão de problemas do quotidiano, visando “evitar ao máximo recaídas e, consequentemente, internamentos na Unidade de Psiquiatria”, adiantou.
Os grupos, formados com pessoas de múltiplos diagnósticos (sendo que a maioria sofre de depressões), funcionam ao longo de seis meses, integrando um número variável de doentes, sendo que o atual é constituído por 15 pessoas, todas mulheres, disse.
A psicóloga afirmou que, até aqui, as atividades exteriores têm consistido apenas em visitas a locais que ajudam a descontrair, sendo intenção passar a realizar mais iniciativas como a que vai decorrer na quinta-feira, para a qual o Hospital de Santarém volta a contar com a colaboração da Câmara Municipal.
Além da exposição dos trabalhos dos doentes, vai estar igualmente patente uma mostra intitulada “Lusitana Paixão” (bonecas "Barbie" vestidas à ribatejana), do técnico da equipa Raúl Lopes, disse.
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