"O cyberbulling atinge um grande número de pessoas em tempo curto. O agressor sente-se protegido, pois não tem que se expor fisicamente, e por agir online tem mais facilidade em incitar comportamentos graves e prejudiciais", diz a psicóloga Elisabete Vieira.

Maus tratos em crianças e jovens: quais são os sinais de alerta?
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A distância proporcionada pelas tecnologias dificulta o feedback imediato, reduzindo os sentimentos de culpa, o remorso e a empatia para com as vítimas, estimulando a repetição das ações, frisa. Para esta especialista, os agressores caracterizam-se pela exibição de comportamentos "negativos e hostis", tendo como intuito "provocar, humilhar ou excluir a vítima".

Estes são, por norma, agressivos e socialmente dominantes utilizando o seu poder para humilhar terceiros. Porém, a agressividade exibida por estes poderá ser a resposta de uma baixa autoestima mas que resulta numa posição dominante devido à posição submissa da vítima, indica a psicóloga.

Já as vítimas poderão ser caracterizadas como "indivíduos sensíveis, respeitosos, honestos, criativos, com um grande sentido de desportivismo, um elevado nível de integridade e baixa propensão à violência, porém são também indivíduos que poderão dispor de uma autoestima reduzida e elevados problemas emocionais".

É preciso estar atento aos comportamentos das crianças, pois a saúde emocional pode não estar bem e a criança pode apresentar uma vulnerabilidade psicológica. Há vários sintomas a ter em consideração, como:

Isolamento, solidão, silêncio, fuga ao diálogo, afastamento da família e dos amigos, perda de interesse nas atividades, mudanças de hábitos de sono ou de alimentação, mudanças bruscas de comportamento, como irritabilidade, crises de raiva, comportamentos auto-destrutivos (automutilação e exposição a situações de risco), recusa em ir à escola, interesse anormal por temáticas relacionadas com a morte e com a violência, entre outros.

O problema da "solidão" 

A solidão é dos sintomas mais preocupantes associado à ausência e/ou falta de proximidade parental, pode levar, em situações mais extremas, a abrir espaços para este tipo de acontecimentos.

Os desafios acabam por se renovar: depois do desafio da baleia azul ou do desafio da água a ferver,"os mais fragilizados e mais vulneráveis têm maior probabilidade de aderir a estas modas cibernéticas", explica a psicóloga que não tem dúvidas: "Todos estes desafios são uma forma de cyberbullying".

Os pais têm o dever e obrigação de estarem atentos aos comportamentos dos filhos e manter uma relação de proximidade. Em caso de necessidade devem pedir ajuda especializada, alerta Elisabete Vieira.

"Todos os que rodeiam a criança devem estar atentos, pois trata-se de uma questão de saúde pública", conclui.