A investigação envolve a Crioestaminal, que criou o primeiro banco de células estaminais do cordão umbilical em Portugal, em parceria com o Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra (CNC), o Instituto Superior Técnico (IST) e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
O projeto MSCellProduction visa demonstrar a capacidade de fabrico de medicamentos de terapia celular a partir de células mesenquimais do tecido do cordão umbilical e do tecido adiposo.
"Este projeto vem reforçar o compromisso da Crioestaminal com a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação, com uma componente competitiva e de valorização económica das tecnologias aqui desenvolvidas muito relevante", refere o diretor geral, André Gomes, citado num comunicado da empresa.
Segundo o responsável, o "desenvolvimento desta metodologia de expansão de células mesenquimais do tecido do cordão umbilical e do tecido adiposo permitirá a obtenção de células em quantidade e qualidade clinicamente exigidas para aplicação em doentes".
O investigador Artur Paiva, do CHUC, disse à agência Lusa que "estas células conseguem, de alguma forma, controlar uma resposta imunológica diferente do normal, exacerbada, e, portanto, podem ter grande aplicabilidade em doenças autoimunes".
"Até fazem abrir novas perspetivas de utilização em diferentes áreas, nomeadamente nas neoplasias sólidas", referiu o médico, salientando que, atualmente, as células mesenquimais "já têm grande aplicabilidade e podem vir a ter mais".
O objetivo do projeto é, em primeiro lugar, "produzir estas células em larga escala, para poderem ser utilizadas em ensaios clínicos, e, depois dessa capacidade validada, saber se estas células conseguem fazer ‘in vitro' aquilo que têm como potencialidade de fazer ‘in vivo'".
De acordo com Artur Paiva, coordenador da Unidade de Gestão Operacional de Citometria do Serviço de Patologia Clínica do CHUC, depois é preciso testar que aquelas células [mesenquimais] têm a capacidade de controlar as diferentes populações do sistema imunológico.
Por exemplo, no lúpus, há ensaios clínicos "que mostram claramente que, doentes com nefrite lúpica refratária da terapêutica convencional, com base em imunossupressão e que não respondem a essa terapêutica, ao fazerem infusão com estas células observa-se uma boa taxa de resposta e de recuperação".
"Nalgumas circunstâncias, e em alguns doentes em particular, estas células podem ter uma grande aplicabilidade", sublinhou o investigador, que estima ser possível produzir medicamentos para serem utilizados em imunoterapia celular após o final do projeto e depois de concluído o processo de aprovação.
Segundo Artur Paiva, em princípio, no fim dos dois anos, "pode-se provar que existe capacidade para produzir estas células, que foram validadas e que elas fazem ‘in vitro' tudo o que têm de fazer ‘in vivo'", acrescentou.
O projeto MSCellProduction - Produção de Células Estaminais Mesenquimais representa um investimento elegível total previsto de 547.571,40 euros, com uma comparticipação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de 327.435,34 euros, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020), financiado pelo Portugal 2020.
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