4 de setembro de 2014 - 10h33
Seis psicólogos vão fazer vários testes junto de 1.600 pessoas, dispersas por 23 lares e 15 apoios domiciliários, para conseguir perceber quais as que têm defeitos cognitivos, concretizando mais uma fase do projeto das Misericórdias sobre demências.
O projeto dá pelo nome VIDAS – Valorização e Inovação em Demências, é da responsabilidade da União das Misericórdias Portuguesas e vai ser apresentado oficialmente na sexta-feira, em Fátima.
Em declarações à agência Lusa, o responsável pelo projeto explicou que o VIDAS arrancou já há cerca de quatro ou cinco meses, numa primeira fase, com a organização técnica dos vários pilares, estando agora tudo pronto para se avançar para o terreno.
Manuel Caldas de Almeida adiantou que, conjuntamente com duas universidades portuguesas, foram “estabelecidas várias baterias de testes”, que vão agora ser aplicados por seis psicólogos.
Estes seis psicólogos “vão agora para o terreno aplicar a bateria de testes às 1.600 pessoas. Vão avaliar e vão saber destas, quem são as que têm defeito cognitivo e as que não têm e dentro das que têm, vão saber se é ligeiro ou avançado”, adiantou o responsável.
Segundo Caldas de Almeida, estas 1.600 pessoas estão dispersas por 23 lares e 15 apoios domiciliários.
Fase seguinte conta com médicos neurologistas
O mesmo responsável disse também que, depois deste trabalho feito pelos psicólogos, irão avançar vários médicos neurologistas que, através de uma amostra aleatória, vão fazer o diagnóstico preciso das demências que estas pessoas têm.
Caldas de Almeida sublinhou que existem atualmente em Portugal entre 160 mil a 180 mil pessoas com demência, das quais 80 mil a 90 mil têm Alzheimer.
“O que não temos neste momento é dados concretos sobre a realidade nos lares, nos apoios domiciliários, nos centros de dia, aí não temos dados concretos”, apontou, justificando a importância do levantamento.

Acrescentou que, segundo algumas instituições, “cresceu imenso o número de pessoas com demência nestas unidades”, oscilando muitas vezes entre 30% a 40% das pessoas internadas ou que vivem em lares.
“Não sabemos a prevalência, o que sabemos é que estas pessoas não estão a receber os cuidados adequados”, frisou, lembrando que a “demência exige cuidados específicos”.
No âmbito do projeto VIDAS, Caldas de Almeida explicou que tem três pilares: investigação, avaliação arquitetónica e ambiental e formação.
Do pilar da investigação faz então parte o trabalho que vai ser desenvolvido pelos psicólogos e pelos médicos neurologistas, enquanto a vertente arquitetónica/ambiental implica um levantamento sobre a organização dos espaços, do qual sairá um manual.
O pilar da formação irá abranger “centenas de pessoas”, entre dirigentes dos serviços, médicos, enfermeiros, terapeutas e ajudantes de lar.
Estas formações arrancam no dia 12 de setembro.
“Isto é um primeiro degrau de um projeto muito mais ambicioso”, defendeu, adiantando que haverá um sistema de avaliação dos ganhos que as pessoas têm nos cuidados que recebem.
O VIDAS é financiado pelo Programa Operacional Potencial Humano (POPH) e conta com a parceria da Direção-geral de Saúde, da Alzheimer Portugal, da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNIS), do Hospital do Mar, na Bobadela, e do Hospital Magalhães de Lemos, no Porto.
Sexta-feira, a apresentação oficial contará com a presença do secretário de Estado da Solidariedade, Agostinho Branquinho.
Por Lusa