11 de março de 2014 - 16h10
A Comissão Parlamentar de Saúde apontou hoje como os principais problemas do Nordeste Transmontano as distâncias que os utentes têm de percorrer e o financiamento deficitário da entidade que gere os serviços na região.
Uma comitiva com deputados apenas do PSD e do CDS-PP deslocou-se hoje à unidade hospitalar de Bragança, no último de dois dias de visita desta comissão da Assembleia da República a Trás-os-Montes para se inteirar dos problemas da Saúde no terreno, por proposta do grupo parlamentar social-democrata.
Tanto os deputados do PSD como do CDS-PP fizeram uma constatação: o Nordeste Transmontano tem uma especificidade, que é a dificuldade das distâncias num território de grande dimensão e com uma baixa densidade populacional.
“As distâncias entre as unidades de saúde e as casas das pessoas são enormes e isso traz alguns problemas e dificuldades naturalmente no acesso à saúde”, declarou o deputado do CDS-PP, Paulo Almeida.
Também para o parlamentar social-democrata, Miguel Santos, “a distância neste território não pode ser medida em quilómetros, tem de ser medida em tempo”.
Apesar da melhoria da acessibilidade com as novas estradas, parte da população continua a mais de 100 quilómetros do principal hospital da região, o de Bragança, e essa é uma das razões que levou os responsáveis locais a realçarem aos deputados que o helicóptero que o INEM quer deslocar para Vila Real “faz mesmo falta e deve continuar” nesta região.
O deputado centrista Paulo Almeida defendeu também que “talvez mais uma viatura” Médica de Emergência e Reanimação (VMER) seja necessária para atender os cerca de 144 mil habitantes do Mordeste Transmontano, que atualmente contam apenas com um equipamento do género estacionado em Bragança.

O segundo maior constrangimento referenciado aos parlamentares foi o subfinanciamento da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) responsável pelos 15 centros de saúde e três hospitais da região e que reclama mais 15 milhões de euros por para ter uma capitação (valor pago por utente) adequada à realidade local.
O deputado Miguel Santos destacou o “esforço financeiro nestes últimos dois anos de mais de 40 milhões de euros de dotação extraordinária que foram injetados nesta ULS e que permitiram pagar dívida”.
De acordo com a administradora para a área financeira da ULSNE, Aida Palas, nos últimos dois anos, a dívida foi reduzida de 34 milhões para cerca de 20 milhões de euros.
A falta de especialista consta também das preocupações elencadas, apesar de nos últimos dois anos a ULSNE ter consigo contratar mais 13 médicos.
“Faz falta rejuvenescer o quadro médico e tentar fortalecer algumas das nossas valências, (além) de algumas necessidades em termos de infraestruturas principalmente na área hospitalar”, resumiu o diretor clínico, Domingos Fernandes.
Os parlamentares encontraram também situações positivas nesta região que “ao nível dos cuidados de saúde primários está coberta com o melhor do que há no país”.
Os indicadores dos cuidados hospitalares revelam subidas de 8% em cirurgias, de 10% em cirurgias programadas, e de 9,5% de consultas.
Lusa