Aproveitar o verão para tirar as crianças da frente dos aparelhos eletrónicos ajuda a minimizar os riscos, aconselha a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO).

"As horas passadas em contacto com dispositivos eletrónicos e exposição a ecrãs podem ser prejudiciais", confirma Alcina Toscano, coordenadora do grupo de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo da SPO.

Apesar de, refere a médica, "não estarem diretamente relacionadas com problemas oculares", quando em exagero "e em más condições ergonómicas (má postura, luminosidade incorreta, distância inadequada)", os ecrãs que conquistam a atenção dos mais pequenos "contribuem para o aparecimento de sinais e sintomas, não só oculares como gerais. Estudos recentes apontam para uma maior incidência de miopia nestas crianças, quando comparadas com crianças que passam mais tempo ao ar livre".

Recomendam-se, por isso, alguns cuidados. A começar pela atenção dada à posição, iluminação e distância adequada em relação a estes aparelhos, assim como a escolha "de programas de valor educacional".

Alcina Toscano aconselha ainda o estabelecimento "de regras e tempos em que estes não devem ser usados (refeições, viagens em família)" e ainda aquilo que define como "a regra do 20/20/20 (sobretudo para os mais velhos): a cada 20 minutos olhar 20 segundos para uma distância de 20 pés (cerca de 6 metros)".

Lá fora, há também que ter atenção ao sol. Neste caso, os cuidados para os olhos são os mesmos que aqueles que se deve ter com a pele: "evitar a exposição direta ao sol nas horas de radiação ambiente mais elevada ou onde houver maior radiação, e proteger a face do sol com uso de boné ou chapéu de abas largas". No que diz respeito ao uso de óculos de sol, este está indicado para os mais pequenos "quando houver exposição a níveis elevados de radiação UV ou quando a refletividade for elevada". No entanto, a médica reforça que "óculos com lentes escuras não são sinónimo de proteção ocular. O que cria barreiras aos raios UV é um filtro incorporado na lente e não a coloração".

Não falando de situações agudas e benignas como as conjuntivites, os problemas oftalmológicos mais comuns entre as crianças são, avança a especialista, os erros refrativos, cujo diagnóstico e tratamento precoces fazem a diferença. "Podemos prevenir o desenvolvimento de ambliopia. Esta é uma doença exclusiva da idade pediátrica, que ocorre durante o período de desenvolvimento da visão, o chamado período crítico, de maior sensibilidade a qualquer interferência com a visão e maior plasticidade cerebral", refere.

A médica salienta ainda que a "primeira avaliação oftalmológica deve ser realizada à nascença e pode ser realizada pelo pediatra, para despiste de patologias congénitas como a catarata".

Para um rastreio oftalmológico "existem atualmente métodos de foto-rastreio, que podem ser realizados por técnicos de saúde, sendo a idade ideal para a sua realização entre os 2 e 2,5 anos e que se pretende que sejam implementados a nível nacional".

Segundo a especialista, não havendo sinais ou sintomas de alerta, "nem história familiar de doença ocular, a primeira consulta de oftalmologia deve ser realizada entre os 3 e os 4 anos, para um exame oftalmológico completo".

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