Todos nós podemos ajudar a prevenir o abuso sexual e a manter as crianças seguras. Podemos acabar com o abuso sexual antes que este aconteça. Se uma criança tiver sido abusada sexualmente, podemos ajudar a dar-lhe voz para que possa contar a alguém.
Ao ensinar as crianças e os jovens sobre o que são relações saudáveis e como podem permanecer seguros, pode-se ajudar a prevenir a exploração sexual. Estas ações devem ser realizadas desde tenra idade.
É imprescindível garantir que as crianças e os jovens saibam que há adultos de confiança com quem podem falar sobre as suas preocupações. Algumas crianças e jovens podem não estar conscientes dos perigos que envolvem o abuso.
Ao ensinar as crianças sobre a segurança do corpo, limites saudáveis do corpo e ao encorajar uma comunicação aberta sobre questões sexuais, pode ajudar a protegê-las do abuso sexual. Ficam aqui algumas dicas:
- Falar precocemente sobre as partes do corpo - Ensinar a criança quais os nomes anatómicos apropriados para as partes privadas do seu corpo, tais como: pénis, vagina ou ânus.
- Ensinar às crianças a diferença entre contacto físico aceitável e não aceitável. Dizer à criança que o seu corpo lhe pertence - Falar sobre a diferença entre toques seguros e inseguros e ensinar às crianças que elas podem dizer não ao toque que as faz sentir-se assustadas ou desconfortáveis.
- Ensinar a criança que algumas partes do corpo são privadas – Dizer à criança que as suas partes privadas são chamadas privadas, porque não são para que todos as vejam. Ensinar as 10 regras das partes privadas.
- Ensinar às crianças que são donas do seu próprio corpo e que têm o direito de decidir quem pode, ou não, tocar no seu corpo. Mostrar às crianças que, caso alguém toque no seu corpo contra a sua vontade, ou de forma desadequada, devem mostrar desagrado contra essa pessoa e contra o seu comportamento, dizendo que não, ou até fugindo para perto de algum adulto em quem confiem.
- Ensinar que existem limites do corpo - Explicar os limites do corpo e que não é correto que alguém toque nas suas partes privadas ou lhes peça para tocarem nas deles.
- Ensinar a criança a sair de uma situação assustadora ou desconfortável - tal como dizer "Não" ou "Pare" em voz alta. Também podem dizer à pessoa que precisa de sair para ir à casa de banho e depois encontrar um adulto com quem falar. Ensinar a criança a ter uma palavra que identifique o perigo, por exemplo o nome de um herói que a criança goste. Nesse caso quando a criança estiver assustada por dizer essa palavra.
- Utilizar recursos ou jogos apropriados - Para reforçar as mensagens de segurança e para ajudar as crianças a reconhecer, reagir e reportar quando não se sentem seguras.
- Promover um clima de confiança, com base numa comunicação transparente, que mostre à criança a diferença entre bons e maus segredos. Reforçar, com as crianças, que segredos bons geram alegria e bem-estar, e segredos maus geram ansiedade, desconforto, medo, ou tristeza, pelo que não devem ser guardados. É importante mostrar à criança que segredos sobre o seu próprio corpo não são bons segredos, mesmo que tenha sido um adulto próximo a pedir para os guardar. Por este motivo, segredos maus devem sempre ser partilhados com adultos de confiança.
- Ajudar a criança a identificar as três pessoas com quem ele se sente seguro e confiante e que acreditariam nele se ele contasse fosse o que fosse.
10 regras das partes privadas:
- NÃO é correto tocares nas partes íntimas de outras pessoas
- NÃO é correto alguém tocar nas tuas partes íntimas
- NÃO é correto olhares para as partes íntimas de outras pessoas (na vida real ou em fotos).
- NÃO é correto mostrares as tuas partes íntimas para outras pessoas.
- NÃO é correto tirares fotos das tuas partes íntimas
- Não há problema em tocares nas tuas partes íntimas para mantê-las limpas.
- NÃO é correto deixares os outros desconfortáveis com o teu comportamento ou linguagem sexual quando for desadequado para a situação
- NÃO é bom falares sobre as partes íntimas para divertires outras crianças. Se tens alguma dúvida sobre privacidade ou sexo, pergunta a um adulto.
- Não há problema em dizeres aos teus pais se infringiste uma regra de privacidade. Eles vão tentar ajudar-te.
- Se outra pessoa quebrar uma regra, conta a um adulto em quem tu confies e continua a contar até que alguém o ajude.
Um artigo do Professor Doutor Albino Gomes, enfermeiro e perito forense.
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