O presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante aconselha o uso de máscaras nas deslocações internacionais. "Em locais onde há possibilidade de contacto com infetados, sim. São particularmente recomendadas nas portas de entrada dos países ou nos aeroportos, sobretudo nos internacionais e nos que tenham voos oriundos da China", alerta Jorge Atouguia, médico especialista em infecciologia e medicina tropical, em entrevista à revista Prevenir.

"Nesses locais, é também importante manter distância em relação às pessoas, em especial nas filas de segurança, para mostrar o passaporte ou entrar no avião. Dentro do avião, o risco também existe, sobretudo nas cadeiras duas filas à frente ou atrás do passageiro infetado", esclarece Jorge Atouguia. "Caso esteja junto de pessoas a tossir ou a espirrar, utilize a máscara. Além disso, evite andar de elevador nos aeroportos", aconselha ainda o médico português.

"São meios que podem ficar cheios rapidamente e o risco de estar perto de alguém infetado aumenta", refere Jorge Atouguia na edição de março da revista, já nas bancas. "Devemos ainda usar máscara em locais onde possam existir pessoas infetadas e onde não conseguimos manter um perímetro de segurança superior a um metro, como é o caso dos centros comerciais, dos concertos e dos hospitais", avisa o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante.

Covid-19 tem taxa de mortalidade de 2,3%. Mas, para doentes acima dos 80 anos, percentagem sobe para os 14,8%
Covid-19 tem taxa de mortalidade de 2,3%. Mas, para doentes acima dos 80 anos, percentagem sobe para os 14,8%
Ver artigo

"A máscara cirúrgica clássica, por enquanto e em sítios onde a probabilidade de encontrar pessoas infetadas é muito baixa, é suficiente", garante. "O importante será existir um bloqueio entre o ar que respiramos e o exterior. Para a adquirir, basta ir a uma farmácia", sublinha Jorge Atouguia. "Só nos casos em que a doença evolui para um quadro de pneumonia [é que pode haver risco de morte", adverte o médico. "As pneumonias virais são sempre muito perigosas e quando um vírus, como este, muda de espécie, do animal para o ser humano, é sempre mais agressivo", esclarece o especialista. "Por outro lado, é expectável que, gradualmente, no contágio entre humanos, o vírus vá perdendo a capacidade de provocar doença grave", ressalva.

"A maior parte das epidemias, sobretudo as virais sem terapêutica, acabam por ter um pico e depois decrescem. Não só pelas medidas de contenção e do impedimento de novas infeções, mas porque a agressividade do vírus diminui", refere o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante. "Embora o número de mortes face aos infetados por coronavírus seja elevado, claramente morrem mais pessoas de pneumonia por gripe sazonal", assegura ainda.