O presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) alertou hoje que há organizações que se aproveitam do peditório da instituição para angariar fundos com fins desconhecidos, receando que a situação se agrave este ano.

Na véspera de mais um peditório da Liga, Carlos Oliveira disse à agência Lusa que, “infelizmente, há várias organizações oficiais ou semioficiais, que se intitulam contra o cancro” e aproveitam a iniciativa da instituição para fazer os seus peditórios.

Para contornar a situação, sugeriu que as pessoas solicitem aos voluntários que estão a fazer o peditório que apresentem as credencias da Liga.

“Há mesmo situações de organizações fraudulentas que fazem esse tipo de angariação de fundos”, alertou.

“É lamentável que isso aconteça, mas está a acontecer cada vez com mais frequência e eu prevejo que este ano, de acordo com o que já me foi dado a observar no terreno, o aparecimento de organizações que não fazem nada, mas que querem angariar fundos para fins que não são muito claros”, sustentou.

Carlos Oliveira disse existirem em Portugal empresas, algumas delas articuladas com empresas internacionais, de angariação de fundos em que a pessoa que está a fazer o peditório tem uma percentagem sobre o valor que recebe e que, por isso, “muitas vezes são tão agressivos”.

“As pessoas não são voluntárias, estão a ganhar dinheiro e, portanto, é algo bastante desonesto”, frisou, revelando que já foi abordado por duas dessas empresas.

A Liga disse que não precisava, que tinha os seus voluntários e capacidade de organizar o seu peditório, contou, explicando que são empresas legais que prestam serviços, angariam sócios, ajudam a recuperar quotas em atraso, ficando sempre com uma percentagem.

“Mesmo que recebam 60 ou 70% da percentagem que é angariada é muito em relação àquilo que normalmente receberiam se a iniciativa fosse deles, porque não têm estruturas de voluntariado organizadas”, acrescentou.

Sobre as expectativas do peditório, que decorre entre quinta-feira e domingo em todo o país, Carlos Oliveira disse que há “alguma incógnita” relativamente ao resultado, apesar da “população ser mais recetiva” em alturas de crise

“A grande mensagem para as pessoas é que sejam solidárias para com os outros mas também consigo próprias, porque todos somos potenciais candidatos a ter um cancro, independentemente do estatuto social, do sexo e da idade” disse.

O peditório representa cerca de 40% do orçamento da Liga, sendo uma fonte de financiamento muito importante”.

“Antes de crise estar oficialmente instalada em 2010 pedi aos portugueses que contribuíssem, em média, com dois euros cada um. Em crise, eu peço, em média, um euro a cada português, porque isto equivaleria a que conseguíamos angariar cerca de 10 milhões de euros, o que é um sonho”.

Os pedidos de apoio social por parte dos doentes para transporte ou outro tipo de necessidades financeiras têm vindo a aumentar, mas a Liga tem conseguido responder aos apelos.

“Este ano, por exemplo, o núcleo do centro da LPCC teve de alterar o orçamento e desviar verbas de outros locais para aumentar o orçamento no apoio social direto, a entrega de verbas para apoiar as necessidades prementes de doentes e famílias”.

As verbas angariadas este ano são fundamentais: “Com as dificuldades que se prevê surgirem em 2013 é evidente que o número de pedidos e as verbas envolvidas vão aumentar significativamente”.

31 de outubro de 2012

@Lusa