As doenças cardiovasculares continuam a ser a principal ameaça à saúde dos portugueses mas, apesar dos números, é possível alterar este cenário, acredita Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia. Em entrevista à edição de setembro da revista Prevenir, já nas bancas, o médico cardiologista traça o cenário da saúde cardiovascular em Portugal e conta-nos o que o nosso coração precisa para ser saudável.

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"Está na altura de refletir sobre o mal que temos feito à nossa saúde e perceber que só mudando o estilo de vida reduziremos as mortes associadas às doenças cardiovasculares", apela.

"Essa mudança deve ser assente em quatro pilares, alimentação saudável, exercício físico regular, não fumar e evitar o excesso de álcool. E, claro, ir ao médico com regularidade, realizar exames periodicamente para avaliar fatores de risco. Os muitos estudos realizados e a experiência em consultório revelam que essas estratégias são eficazes", sublinha o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

"Se aliarmos a responsabilidade de assumir um estilo de vida saudável e uma vigilância médica regular aos recentes progressos da medicina, asseguraremos gerações mais responsáveis e saudáveis a nível cardiovascular e na saúde em geral", afirma ainda Manuel Carregeta, um crítico assumido do tabaco. "Devemos ter tolerância zero em relação ao tabagismo, pois é um perigoso tóxico para o organismo", assegura o cardiologista.

"Os seus efeitos são de tal ordem nefastos que um fumador apresenta, em média, uma idade biológica cerca de 10 anos mais velha comparativamente com um não fumador", sublinha ainda o dirigente. O tabaco está, todavia, longe de ser o único fator de risco. "A obesidade está ligada ao aumento da tensão arterial e colesterol, assim como da diabetes. Os diabéticos são quase todos hipertensos", sublinha mesmo Manuel Carrageta.

"A esse agrupamento de fatores de risco chamamos de síndrome metabólica, um quadro em que se alteram os parâmetros dos fatores de risco cardiovasculares. É por isso que estamos sempre a apelar a uma maior vigilância periódica da saúde", insiste o especialista, que deixa um conselho aos (muitos) que continuam a achar que os problemas só acontecem aos outros. "Devemos ir ao médico com regularidade, mesmo sem sintomas", refere.