Apesar da limitação, nada o para. Tem 27 anos, faz desporto, dá palestras e sessões de coaching e ainda estuda representação. Nuno Santos é também coautor do livro "Vida acrescentada - Quando perder se transforma em ganhar", publicado pela editora Oficina do Livro, escrito em parceria com a irmã, Raquel Santos. Tinha 16 anos quando, depois de uma acidentada sessão de bodyboard, sentiu uma dor na anca esquerda.

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Ao fim de muitas dúvidas e exames, recebeu um diagnóstico inesperado. Sofria de cancro ósseo. Em entrevista à edição de julho da revista Prevenir, já nas bancas, Nuno Santos recorda como foi lidar com a doença em plena adolescência. "Segundo o médico, tinha entre 3% a 5% de possibilidade de sobrevivência", revela. "Ao início, foi um grande choque mas, quando assentei ideias, essa realidade funcionou como um incentivo. Mais valia 3% ou 5% do que zero!", afirma hoje. A família, como seria de esperar, não reagiu da melhor maneira.

"Procurei confortá-los", confidencia. Ainda assim, foi-se abaixo em muitas alturas. Os tratamentos de quimioterapia e de radioterapia que teve de fazer foram particularmente dolorosos. "Um dia, durante o internamento no IPO [Instituto Português de Oncologia] de Lisboa, tive um ataque de pânico pela dor e pela solidão que sentia", assume. "Felizmente, no final desse ciclo, o cancro entrou em remissão", relembra.

"Após derrotar o cancro, fiz uma cirurgia para remover a anca e colocar uma prótese de titânio. A recuperação foi lenta e com muitos percalços", conta Nuno Santos, que quatro anos depois continuava com dores. "Fui deixando de sentir a perna", refere. Em 2016, desesperado, tomou uma decisão drástica, como explica no livro e na entrevista que deu à revista. "Amputar a perna foi a melhor decisão da minha vida", assegura o coach.