Em Portugal não se respeitam as recomendações da dieta mediterrânica. O peso das hortaliças à mesa é metade do recomendado, ingerimos mais sal e açúcar do que o organismo tolera e 34% da população consome mais de 100 gramas de carne vermelha por dia o que está associado a um maior risco de cancro.
As conclusões são do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física que faz esta quinta-feira (16/03) capa de três dos principais jornais diários portugueses, Público, Jornal de Notícias e Diário de Notícias.
No consumo de hortícolas e frutas, mais de metade (53%) dos portugueses não cumpre as recomendações de consumo de mais de 400 gramas por dia e 40% dos adolescentes bebe mais de um refrigerante ou néctar por dia. Boa parte do país também exagera no sal. Perto de 3,5 milhões de mulheres e de 4,3 milhões de homens põe sal a mais na comida: os portugueses consomem, em média, 7,3 gramas por dia.
Sem dinheiro para comer bem
O estudo conclui que mais de metade da população portuguesa (5,9 milhões de pessoas) é obesa ou está em risco de o ser. Os Açores e Alentejo são as regiões com mais casos de obesidade, mas também onde mais famílias tiveram mais dificuldades financeiras em alimentar-se corretamente e fornecer alimentos suficientes para todos. No total do país, 10% das famílias sentiram insegurança alimentar.
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A prevalência da obesidade é maior entre os idosos, já que oito em cada dez sofrem de obesidade ou são pré-obesos. A prática de atividade física programada, ainda que por lazer, decresce com o passar do anos.
Mas, por outro lado, são os idosos que mais bebem: há 105 mil idosos em Portugal que bebem mais de um litro de álcool por dia. O consumo médio de bebidas alcoólicas é de 146 gramas por dia, o que corresponde, por exemplo, a um copo e meio de vinho. Os homens bebem mais que as mulheres e os idosos mais que os adultos. É na faixa etária acima dos 65 anos que o inquérito destaca um consumo relevante: "5% dos idosos bebe diariamente mais de 1 litro (1142 g) de bebida alcoólica. O vinho é a bebida mais consumida".
Pouco ou quase nada ativos
Os portugueses são ainda pouco ativos: apenas 27% fazem uma hora diária de exercício moderado ou meia hora com intensidade. A prevalência de prática regular de atividade desportiva não vai além dos 41,8% em Portugal.
O estudo sugere que 59% dos adolescentes (entre os 10 e os 17 anos) têm uma vida ativa e têm pelo menos 60 minutos de atividade física diária. Com a entrada na vida adulta, a prática de exercício tornar-se regular apenas para 40,3% da população. Na idade da reforma, o valor baixa para 33,1%. As crianças com menos de nove anos são as que se mexem mais (61%).
O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (2015-2016) foi conduzido por um consórcio de investigadores da Universidade do Porto (Faculdades de Medicina, de Ciências da Nutrição e Alimentação e de Desporto e o Instituto de Saúde Pública), da Universidade de Lisboa (Faculdade de Medicina e de Motricidade Humana), da Universidade de Oslo (Faculdade de Medicina), do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e da empresa SILICOLIFE.
As entrevistas, presenciais, foram feitas em todo o território nacional entre outubro de 2015 e setembro de 2016.
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