20 de fevereiro de 2013 - 14h41
Andar na passadeira ou fazer musculação no ginásio já não é opção para muitas pessoas que deixaram de poder pagar as mensalidades e optaram por correr ao ar livre, num exercício menos intensivo, mas que não se paga.
Os objetivos demoram mais tempo a ser conseguidos porque apenas uma corrida diária não tem a mesma eficácia do exercício em equipamentos específicos ou aulas personalizadas, mas a crise não deixa margem para escolha.
"Pagava 70 euros no meu ginásio e se antes não me fazia tanta diferença, agora preciso de poupá-los porque tenho mais despesas", diz Rute Medeiros, residente em Cascais, e que semprw que pode vai até ao paredão do Estoril dar uma corrida.
"Não venho tantas vezes quanto gostaria, mas é sempre que posso. É mais difícil ser disciplinada no exercício agora, porque no ginásio obrigava-me a ir mesmo que não me apetecesse, porque pagava", notou.
Também Pedro e Miguel começaram a ir juntos correr para o paredão. Pedro nunca foi adepto dos ginásios, mas Miguel só recentemente começou a treinar ao ar livre.
"Pagar uma mensalidade no ginásio deixou de ser prioridade. Com o aumento do passe dos transportes, o aumento do custo de vida, já não é possível manter estes meus pequenos prazeres, por isso, comecei a vir correr para o paredão que também não é mau, embora não seja a mesma coisa em termos de rentabilidade física", afirmou Miguel.
Já o amigo Pedro sempre achou "impensável" fazer exercício fechado entre quatro paredes, tendo a possibilidade de correr à beira mar e com sol.
"Há anos que corro aqui e, para mim, é a melhor coisa. Agora até já temos aparelhos de musculação", disse Pedro, sublinhando que, nos últimos meses, tem-se constatado um aumento significativo do número de pessoas a fazer exercício no paredão.
"Não sei o que levou as pessoas a fazer exercício aqui. Podem estar a começar, mas acredito que haja muita gente que, como o Miguel, tenha deixado de poder pagar o ginásio", acrescentou.
Contactado pela Lusa, o presidente da Associação dos Ginásios de Portugal (AGAP), José Vale Castro, confirmou que se tem registado um aumento de número de desistência de praticantes.
"Notamos os reflexos da crise que obrigam os ginásios a aumentar os preços, mas o problema é que os portugueses não têm dinheiro para pagar", afirmou.
O responsável mostrou-se ainda "preocupado" com o crescente número de pessoas que, aconselhados a estar no ginásio por motivos de saúde, estão também a desistir.
"Esta é uma questão sensível e alarmante que se começa a verificar, porque, nestes casos, fazer exercício ao ar livre não é o mesmo que estarem num ginásio onde são acompanhados", sustentou.
Lusa