O relatório do PNPAF destaca a tendência de aumento dos níveis de atividade física dos cidadãos em 2021. De acordo com o REACT COVID 2.0, estudo desenvolvido pela Direção-Geral da Saúde (DGS), em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, 54,3% dos inquiridos apresentam níveis adequados de atividade física para a promoção da saúde (eram 46% em 2020).
Este estudo revela, porém, que também aumentou o tempo sedentário - de 7 ou mais horas por dia – de 38,9% para 46,4% dos inquiridos.
"Os resultados sugerem que a atividade física e o comportamento alimentar parecem influenciar-se mutuamente, o que sublinha a importância de uma abordagem integrada na promoção destes comportamentos", informa a DGS em comunicado. "Esta abordagem também deve ter em conta o género, a idade e a situação socioeconómica", acrescenta.
"A análise combinada aponta para um perfil de maior risco: ser mulher, ter idade inferior a 45 anos e perceção de má situação financeira e de saúde está associado a um aumento do risco de menores níveis de atividade física e de mudança para um perfil alimentar pior. Ser homem e ter mais de 46 anos, ter boa perceção do seu estado de saúde, está associado a maiores níveis de atividade física e manutenção de bom perfil alimentar", adianta a nota.
O relatório aponta que a "atividade física regular contribui para aumentar a longevidade e reduzir a carga de doença". "Além do seu papel preventivo e terapêutico na saúde das populações, tem sido notória a produção científica no âmbito do seu contributo concomitante para o combate às alterações climáticas e promoção do desenvolvimento sustentável", refere o documento.
Mais consultas
Desde que foram disponibilizadas ferramentas digitais para a avaliação da atividade física, no final de 2017, realizaram-se mais de 261 mil consultas contendo estas informações e resultados, 23,2% das quais no último ano.
Na sequência das avaliações foram emitidos 42645 guias de aconselhamento breve para a promoção da atividade física (+18% num ano).
O resultado do uso destas ferramentas digitais (de avaliação e aconselhamento), nos Cuidados de Saúde Primários demonstra que, entre 2017 e 2021, os utentes a quem foi realizada uma segunda e terceira avaliações da atividade física evidenciaram uma tendência de aumento do seu nível de atividade física ao longo do tempo.
O que fazem?
Entre as várias atividades praticadas de forma mais estruturada estão a caminhada, o treino de força, as atividades de fitness e a corrida. As tarefas domésticas e o subir e descer escadas são as atividades físicas não estruturadas (integradas no quotidiano) mais apontadas.
As recomendações da Organização Mundial da Saúde indicam que as crianças e adolescentes até aos 17 anos de idade devem realizar 60 minutos/dia de atividade física de intensidade moderada a vigorosa, maioritariamente aeróbica. Devem igualmente incorporar atividades de fortalecimento muscular e ósseo pelo menos três vezes por semana.
A OMS recorda que, nesta fase da vida, quantidades elevadas de comportamentos sedentários estão associadas a aumento da gordura corporal, diminuição da saúde cardiometabólica, menor condição física e a uma redução do comportamento social e da duração do sono.
Para os adultos (18-64 anos), as recomendações da OMS indicam pelo menos 150 a 300 minutos (2,5 a 5 horas) por semana de atividade aeróbica de intensidade moderada, ou pelo menos 75 a 150 minutos de atividade de intensidade física aeróbica de intensidade física vigorosa, para benefícios substanciais para a saúde.
Pare benefícios adicionais, recomenda uma atividade de fortalecimento muscular de intensidade moderada ou superior pelos menos dois dias por semana.
Nos idosos (65 anos ou mais), as recomendações da OMS apontam para 150 a 300 minutos de atividade física de intensidade moderada, ou 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa. Sugerem ainda, para benefícios adicionais para a saúde, atividades de fortalecimento muscular de intensidade moderada a superior em pelo menos dois dias por semana e atividades físicas que promovam o equilíbrio funcional e o treino de força de intensidade moderada ou superior em pelo menos três dias/semana.
Pandemia agravou iniquidades em saúde
Dados de prevalência dos comportamentos do movimento recolhidos durante o primeiro confinamento geral obrigatório decorrente da pandemia da COVID-19 revelaram que a prevalência de portugueses adultos que atingiam as recomendações de atividade física era de 46,0%. "Contudo, quase a mesma proporção (46,4%) afirmava passar 7 horas ou mais por dia em tempo sentado", indica.
"A pandemia da COVID-19 parece ter contribuído para o aumento das iniquidades em saúde de determinados grupos populacionais, ao nível de comportamentos de saúde como a atividade física e a alimentação, devido à interação com fatores socieconómicos", admite o documento.
O estudo REACT-COVID 2.0 visou conhecer os comportamentos alimentares e de atividade física dos portugueses cerca de um ano após o início da pandemia de covid-19 (maio-junho de 2021).
De acordo com o documento, 36,8% dos inquiridos reportaram ter mudado os seus hábitos alimentares em comparação com o período pré-pandemia. Destes, 58,2% consideraram ter mudado para melhor e 41,8% para pior.
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