Apoiado pela Comissão Europeia com quatro milhões de euros, o projeto SocketMaster permitirá o fabrico de “uma prótese com elevada qualidade, otimizada e com um encaixe perfeito”, realçando que a sua produção será “menos dependente da competência” de cada profissional protético.

“O grande objetivo é tornar a prótese mais confortável para o amputado e diminuir o tempo de fabrico”, disse à agência Lusa Carlos Alcobia, docente do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra e um dos fundadores da empresa Sensing Future Technologies.

O projeto em que participa a empresa de Coimbra, financiado no âmbito do novo programa comunitário Horizonte 2020 – Investigação e Inovação, arrancou esta semana e inclui a realização de mais de 50 ensaios clínicos, com o objetivo de desenvolver “uma nova técnica de ‘design’ e fabrico rápido de próteses otimizadas” para membros inferiores.

Criada em 2012 e instalada na incubadora do IPN, a Sensing Future desenvolve dispositivos médicos que resultam da aplicação de conhecimentos na área das engenharias à saúde.

Cinco profissionais portugueses envolvidos

Os trabalhos decorrerão ao longo dos próximos três anos, com cinco profissionais da ‘start-up’ portuguesa envolvidos na “realização dos testes de ‘hardware’ e ‘software’ do sistema”, disse Carlos Alcobia.

A proposta apresentada à Comissão Europeia obteve uma classificação de 14,5 pontos em 15, com duas pontuações máximas nos itens de “Excelência do consórcio” e “Impacto”.

“Trata-se de um projeto ambicioso que promete fornecer aos amputados próteses otimizadas e que podem ser concebidas e fabricadas num curto espaço de tempo”, de acordo com o IPN, realçando que, nos países desenvolvidos, “mais de 90% dos amputados alcançam a sua mobilidade” através do uso de próteses.

O projeto SocketMaster aposta numa “melhor qualidade de vida para o utilizador de prótese”, cujo conforto “é uma questão crucial” para os fabricantes e os prestadores de cuidados de saúde.

A nova técnica passa por “integrar diversos microssensores numa meia, que ajudará o profissional protético a desenhar e conceber rapidamente” as próteses para membros inferiores.

“Através destes sensores, espera-se recolher uma quantidade abrangente de dados do utilizador durante as suas atividades de rotina. Esses dados irão depois ser utilizados para a otimização e conceção 3D da prótese, que poderá ser fabricada numa máquina de prototipagem rápida”, explica uma nota do IPN.

Além da portuguesa Sensing Future, o projeto envolve a Innora (Grécia), a Fondazione de Bruno Kessler (Itália), a Veneto Nanotech SCPA (Itália), a Polkom Badania SP ZOO (Polónia), a University of Surrey (Reino Unido), a Hugh Steeper Limited (Reino Unido) e a TWI (Reino Unido), que lidera o consórcio.

A primeira reunião de trabalho com todos os parceiros realiza-se na próxima semana, no Reino Unido.