“O próximo objetivo é tentarmos contrariar a tendência da não vacinação e que as pessoas percebam que se interrompermos o processo corremos o risco de contrairmos as doenças”, disse à agência Lusa a subdiretora Geral da Saúde, Graça Freitas, à margem do 16.º Congresso Nacional de Pediatria, a decorrer em Albufeira, no Algarve.

De acordo com Graça Freitas, em Portugal “ainda não existem grupos organizados antivacinação, nem grandes grupos populacionais a recusarem a vacinação, mas algumas pessoas que não se querem vacinar”.

“É essa tendência que queremos reverter para que o número de pessoas que adere à vacinação continue a ser suficientemente elevado para mantermos a imunidade individual e de grupo”, sublinhou a subdiretora Geral da Saúde, acrescentando que “a sensibilização da população passa por uma forte aposta na comunicação, quer através das redes sociais quer nas formas clássicas”.

Redes sociais com papel importante

“As redes sociais e as formas clássicas de comunicar têm um papel importante como intermediários entre os profissionais de saúde e o público”, destacou.

Graça Freitas frisou que “não há qualquer risco” de as pessoas contraírem doenças com a vacinação, sendo uma forma de manter aquilo que se chama imunidade de grupo: “basta que os vírus ou as bactérias não circulem para que se beneficie dessa imunidade”.

A subdiretora Geral da Saúde disse ainda que, apesar de Portugal não ter tido até agora consequências da não vacinação e de continuar a ter as doenças eliminadas e controladas, é preciso manter a atenção constante.

“Temos de estar muito atentos. Estamos inseridos num mundo onde há mudanças sociais muito rápidas, as novas formas de comunicar influenciam rapidamente a opinião pública. Há muitos mal entendidos acerca da vacinação. É preciso lembrar que o sucesso da vacinação levou a que 12 doenças praticamente desaparecessem”, frisou.

Na opinião de Graça Freitas, “hoje em dia existe uma inversão da perceção do risco, até mesmo por parte da classe médica, porque quase nenhum dos médicos mais novos faz o diagnóstico de sarampo”.

“As pessoas deixam de ter medo das doenças, porque elas não existem de facto, e têm o medo hipotético de pseudo reações que as vacinas poderão dar”, concluiu.

A subdiretora Geral da Saúde participou esta manhã num painel sobre vacinação inserido no 16.º Congresso Nacional de Pediatria, que decorre até sábado no Centro de Congressos do Algarve, na zona dos Salgados, em Albufeira, no distrito de Faro.