17 de janeiro de 2014 - 16h22
O Instituto Politécnico de Leiria vai adaptar livros para pessoas com necessidades especiais, no âmbito do Projeto de Leitura Inclusiva Partilhada, a lançar no sábado, que passa pela disponibilização de ‘kits’ com versões para estes públicos.
“Este projeto inclusivo desenvolve ‘kits’ multiformato, que podem conter versões em braille e em alto-relevo, adequados para pessoas cegas ou com baixa visão, audiolivros, videolivros em Língua Gestual Portuguesa para surdos e formatos adaptados, como pictogramas e versões simplificadas, para pessoas com incapacidade intelectual ou limitações de outra natureza”, informa uma nota de imprensa do Politécnico de Leiria.
A coordenadora do Projeto de Leitura Inclusiva Partilhada (PLIP), Josélia Neves, explicou hoje à agência Lusa que esta iniciativa “nasce pela consciência de que há pessoas que não têm acesso à leitura, não por falta de vontade de ler, mas porque existem muito poucos livros adaptados para pessoas com incapacidade sensorial, como a cegueira e surdez, e incapacidade intelectual”.
Josélia Neves explicou que a adaptação “pode ser feita de forma autónoma ou com a ajuda do projeto”.
“Quem quer começar de raiz e não sabe como fazer, para além de encontrar dicas e orientações no nosso ‘site’, também pode contactar-nos que ajudamos a fazer e a disponibilizar esses novos ‘kits’”, referiu a investigadora, adiantando que “há escolas e outras instituições que criam os materiais”, pelo que o PLIP convida essas entidades, na eventualidade de quererem partilhar os livros com outros utilizadores, para contactarem o projeto, que é “repositório desses materiais para distribuição gratuita”.
Josélia Neves salientou ainda que no PLIP, visitável em http://plip.ipleiria.pt/, há uma regra de ouro: “Tudo o que fazemos é voluntário, gratuito e para dar. Respeitamos a autoria de quem faz, mas queremos chegar ao maior número de pessoas, por isso colocamos os ficheiros eletrónicos ‘on-line’ para qualquer pessoa ou instituição, no país ou no mundo, possa descarregar e usar”.
Josélia Neves exemplifica com o livro “O Principezinho”, de Saint-Exupéry, trabalho desenvolvido por um grupo de professores da Escola Secundária Afonso Lopes Vieira, de Leiria: “Criaram ficheiros em braille, em vídeo com Língua Gestual Portuguesa, simplificaram a linguagem para quem tem dificuldade em ler a escrita complexa deste autor, criaram uma versão pictográfica para pessoas com incapacidade intelectual e transformaram as ilustrações para que elas pudessem ser vistas pelos dedos das pessoas cegas”.
“No total, transformaram um livro em nove formatos diferentes, que vai estar disponível no ‘site’, para que as pessoas em casa possam descarregar e usar”, afirmou, acrescentando que o PLIP vai colocar já dez títulos.
Segundo a responsável, “todos os ‘kits' foram feitos com a ajuda de pessoas com incapacidades diversas, inclusivamente há um livro que foi escrito por uma pessoa com incapacidades”.
Josélia Neves referiu que “isto é só o fermento” e manifestou o desejo de que o projeto, com lançamento às 15:00 de sábado, no Mercado de Santana, em Leiria, se alargue, pois tem “parceiros em todo o país”.
Lusa