A identidade do homem permanece sob sigilo médico. Mas o Serviço de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) explica que o paciente é um homem que vivia uma relação estável, mas que foi contagiado com gonorreia no início deste ano quando teve um caso esporádico com outra mulher no Sudoeste Asiático.
Ao aplicar o tratamento tradicional contra a doença - uma combinação de azitromicina e ceftriaxona - os especialistas constataram que o homem não respondia à terapêutica. "Esta é a primeira vez que um paciente apresenta resistência a estes medicamentos e à maioria dos outros antibióticos frequentemente usados", disse à BBC a médica Gwenda Hughes.
Olwen Williams, presidente da Associação Britânica para a Saúde Sexual, diz que este caso de "supergonorreia" é "muito preocupante", porque dá provas do "desenvolvimento significativo" da bactéria que causa a doença.
Em julho do ano passado, um estudo da OMS revelou que o sexo oral era uma das principais formas de contágio de uma perigosa forma de gonorreia. Nessa altura, este organismo das Nações Unidas admitiu que a gonorreia era cada vez mais difícil de tratar, porque algumas estirpes da bactéria tinham desenvolvido resistência aos antibióticos. A gonorreia pode infetar os órgãos genitais, o reto e a garganta.
Que doença é esta?
A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria gonorrhoea. A infeção pode ser transmitida através de sexo desprotegido, quer por via oral quer através da penetração vaginal e anal.
Os sintomas podem incluir uma secreção verde ou amarela a partir dos órgãos sexuais, dor ao urinar e hemorragias esporádicas. Quando não tratada, a patologia pode provocar infertilidade ou doença inflamatória pélvica, por exemplo.
"Desde a introdução da penicilina, que garante uma cura rápida e confiável, a gonorreia desenvolveu resistência a todos os antibióticos", explicou Richard Stabler, da Escola de Londres de Higiene e Medicina Tropical.
"Nos últimos 15 anos, a terapia teve de ser reforçada por três vezes devido ao aumento da taxa de resistência. Estamos agora num ponto em que estamos a usar fármacos de último recurso, com sinais preocupantes de falha nos tratamentos devido a estirpes multirresistentes", conclui o médico.
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