Razan al-Najjar, uma enfermeira palestiniana de 21 anos, foi atingida a tiro na sexta-feira, na Faixa de Gaza, por um sniper das Forças de Defesa de Israel. A jovem estava no local a prestar os primeiros socorros a um manifestante ferido, na área de Khuza’a, região de Khan Yunis.

"Foi baleada no peito. A bala rasgou o colete branco estampado com o logótipo da Sociedade Médica de Socorro Palestiniana (PMRS) que a identificava como pessoal médico", explica a organização onde Razan era voluntária em comunicado.

"Isto [o colete] era a arma que a minha filha usava para lutar contra os sionistas. E isto [as compressas] eram as munições para essa arma", comenta Sabreen al-Najjar, mãe da jovem enfermeira, num vídeo partilhado pela própria nas redes sociais.

De mãos no ar

À estação de televisão Al Jazeera, Rida, uma voluntária de 29 anos que acompanhava Razan no dia dos acontecimentos, conta a sua versão dos factos: ambas seguiam de braços no ar para mostrarem aos soldados israelitas que não constituíam qualquer perigo.

"Assim que entrámos na cerca para recuperarmos os manifestantes, os israelitas lançaram gás na nossa direção. Depois, um atirador disparou uma única bala, que atingiu Razan", recorda.

O ministro da Saúde da Palestina, Jawad Awwad, que condenou a morte de Razan, acusou Israel de violar as leis internacionais, já que, quando foi baleada, a jovem voluntária estaria vestida de branco, com roupa que identificaria como pessoal médico.

As Nações Unidas já condenaram a morte de Razan al-Najjar. O coordenador humanitário das Nações Unidas, a Organização Mundial de Saúde(OMS), o Gabinete do Alto Comissário para os Direitos do Homem e a agência da ONU para a Coordenação Humanitária pediram mais proteção para o pessoal médico

"As equipas médicas devem poder desempenhar as suas funções sem medo de serem mortos ou feridos", disse o coordenador humanitário, Jamie McGoldrick. “A morte de um trabalhador médico claramente identificado pelas forças de segurança durante uma manifestação é particularmente repreensível. É dificil perceber como se coaduna com as obrigações de Israel, como potência ocupante, em assegurar o bem estar da população de Gaza".

O exército israelita disse que vai investigar a morte da jovem enfermeira.

Dezenas de ataques contra trabalhadores da saúde

Este foi o último de vários incidentes envolvendo equipas médicas registados entre 30 de março e 27 de maio: 245 trabalhadores da saúde e 40 ambulâncias foram alvo de ataques e vários deles atingidos com munições reais, segundo os dados fornecidos pelo ministério da Saúde palestiniano e outras organizações.

Desde o início da Grande Marcha do Regresso, a 30 de março, já morreram 119 pessoas durante as habituais manifestações de sexta-feira na Faixa de Gaza, um território controlado pelo Hamas.