Cem dias após a decisão histórica daquela instância judicial americana, 13 estados proibiram completamente os procedimentos de aborto nos seus territórios e outros dois, Wisconsin e Geórgia, restringiram-nos severamente, de acordo com este relatório do Instituto Guttmacher.
Nesses quinze estados, 79 clínicas praticavam interrupções voluntárias de gravidez antes da mudança radical. Agora, 26 fecharam completamente, incluindo a "casa rosa" no Mississippi, centro da decisão do tribunal superior.
Quarenta clínicas deixaram de realizar abortos enquanto continuaram a prestar outros cuidados, diz o instituto, que faz campanha mundial pelo acesso a anticoncepcionais e ao aborto.
As práticas ainda são realizadas em 13 instalações localizadas na Geórgia, onde interromper uma gravidez ainda é legal se estiver dentro das primeiras seis semanas de gestação.
Foram realizados, em 2020, mais de 125.000 abortos nos 14 estados que não tinham mais clínicas, entre eles Texas, Missouri, Louisiana ou Arizona, e mais de 41.000 na Geórgia.
Cerca de 22 milhões de mulheres em idade fértil vivem nesses estados, 29% do total das americanas nesta faixa etária.
A partir de agora, as suas habitantes "devem ir para outro estado abortar" com os custos diretos e indiretos de transporte, creche e falta de emprego. Devem "abortar por contra própria ou continuar com a gravidez", destacam os autores do estudo.
O encerramento desses estabelecimentos pesa sobre outros estados, onde as clínicas que realizam abortos estão "inundadas" de pedidos e "no limite das suas capacidades", o que gera mais demora para as pacientes. A situação "continuará a deteriorar-se", prevê o Instituto Guttmacher.
Outros estados como Indiana, Ohio e Carolina do Sul adotaram leis que proíbem abortos, que foram suspensas pelos tribunais, mas podem entrar em vigor em breve.
No total, 26 dos 50 estados do país devem proibir totalmente o procedimento no seu território ou reduzi-lo de forma considerável, segundo a pesquisa.
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