No início do último dia das Jornadas Parlamentares do PCP, Paula Santos ouviu dez representantes de associações e comissões de utentes da região de Setúbal sobre os problemas que afetam esta região.
Um dos principais flagelos é a falta de médicos nos hospitais na península que se desdobram em diferentes unidades, numa altura em que o país está a braços com encerramentos temporários de serviços de urgência, nomeadamente os de obstetrícia.
Paula Santos ainda não tinha escutado os testemunhos, mas já tinha o diagnóstico feito. Para o PCP, falta no Governo uma “perspetiva de desenvolvimento” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) acompanhada por “incentivos para fixar os profissionais em zonas carenciadas”, disse.
Da parte do PCP, continuou, “não têm faltado propostas” para resolver os problemas na saúde, mas o Governo insiste em preservar as “grandes insuficiências” do SNS.
A líder parlamentar do PCP recordou que o partido agendou um debate no parlamento para o dia 07 de julho sobre incentivos para profissionais de saúde em zonas de carenciadas.
O projeto-lei dos comunistas propõe atribuir, entre outros incentivos, a médicos e a enfermeiros, uma compensação no valor de 700 euros para despesas de habitação, assim como um acréscimo de 25% do “tempo serviço necessário para efeitos de progressão na carreira”.
Entre os testemunhos, Paula Santos ouviu o de Maria Fernanda Ventura, da Associação de Mulheres com Patologia Mamária, que lamentou a falta de médicos residentes nos hospitais da região. Os profissionais de saúde que encontra “são pessoas que não têm qualquer ligação ao hospital” e “não sabem como é que funciona”.
“Não estão dentro de uma equipa. Trabalham hoje em Setúbal, amanhã em Almada, no dia seguinte no Barreiro. Isto provoca muitos constrangimentos no serviço. Isto está tudo interligado”, completou.
Na ótica desta utente, haver médicos que “não estão dentro de uma equipa” e que 'saltam' de hospital em hospital debilita o acompanhamento dos doentes.
Antonieta Bodziony, da Comissão de Utentes do Barreiro, falou de um tratamento que considera ser desigual na atribuição de médico de família.
Desde o início da invasão à Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, chegaram ao Barreiro “144 famílias ucranianas e já todas têm médico de família”. Antonieta reconhece que este processo correu bem, mas questiona por que é que ainda há “outros 22.000 [habitantes] não têm” médico de família.
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